A participação juntos aos movimentos sociais é algo que tomou mais forma a partir de 2011, com a entrada da Rede Ecológica para o CONSEA-RIO.
Essas participações se fazem atrávés da representação de associada(o)s da da Rede, junto a entidade, levando e trazendo informações mutuas, se envolvendo e inserindo nas instituições/movimentos.
CONSEA-RIO
Para acompanhar nossa inserção no Consea Rio, seguem duas apresentações:
Apresentação sobre o CONSEA – RIO
Apresentação para o VI Encontro da Rede Ecológica
Articulação Plano Popular das Vargens
A Articulação Plano Popular das Vargens é um movimento social de base local. Atua em convergência com movimentos regionais e nacionais de agroecologia e de Direito à Cidade. Foi criada na luta contra uma urbanização baseada na gentrificação e remoção. Este modelo hegemônico foi descrito em um Projeto de Lei Complementar – o PLC 140/2015 no qual constava um novo Plano de Estruturação Urbana para a Região das Vargens (PEU das Vargens) colado com uma OUC – Operação Urbana Consorciada. O governo municipal propunha desta forma a privatização das terras das Vargens nos mesmos moldes do “Porto Maravilha”.
Assim, entre 2015 e 2017, a comunidade tendo a frente mulheres do Núcleo Vargens atuou na mobilização e articulação para construir uma outra voz. Uma das parcerias mais estratégicas foi com o Laboratório do IPPUR/UFRJ. O Plano Popular das Vargens foi escrito com mobilização comunitária e um curso de planejamento.
A culminância deste processo se deu em Audiência Pública em 7 outubro de 2017. Nesta data o executivo e o legislativo foram oficialmente notificados da visão socioambiental que embasa outra visão da cidade, um projeto contra hegemônico.
Há muita luta pela frente. A partir deste feito outros atores políticos tem se manifestado contra o aumento da mancha urbana da cidade do Rio de Janeiro. Neste sentido a luta é de todas e todos. Entendemos que o movimento atual de refundar o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural do Rio de Janeiro pode acolher parte desta luta em defesa de terra e água para morar e plantar.
Campanha dos queijos de leite cru
A Rede Ecológica participa da campanha do Slow Food Brasil em defesa dos Queijos de Leite Cru (sem pasteurização), que chama a atenção para os excessos das normas sanitárias, que exigem uma esterilização excessiva dos alimentos, inacessível para a produção artesanal de pequena escala.
Esta campanha tem um Manifesto em Defesa dos Queijos de Leite Cru, que denuncia que as normas sanitária atuais são excludentes e impedem a produção artesanal de alimentos. São regras e padrões feitos para (e pela) grande indústria alimentar e voltadas para a comercialização em mercados internacionais (como o Codex Alimentarius), mas que acabam sendo utilizadas como referência para regular (e fiscalizar) mercados locais, desconsiderando as diferentes escalas, assim como costumes e tradições alimentares. A indústria não só produz as leis, mas forma os profissionais universitários (cientistas de alimentos, nutricionistas, veterinários, etc) com uma grande preocupação com a esterilização dos alimentos, que é necessária para a indústria de grande escala e para alimentos transportados a grandes distâncias e vendidos em grandes supermercado, mas que acaba se voltando “contra” os produtos produzidos em pequena escala e de maneira artesanal, em geral mais naturais e mais saudáveis, mas cria-se uma imagem de que são menos “seguros” (e mais perigosos), porque menos esterilizados.
A exigência de pasteurização dos queijos é um exemplo muito forte disso. Ela é necessária para grandes indústrias que trabalham com milhares de litros de leite coletados em centenas de produtores diferentes. Mas acaba servindo para perseguir milhares de produtores familiares, em diferentes regiões do Brasil, que têm suas próprias vacas e produzem em geral menos de 50 kg de queijo por dia, utilizando leite ordenhado na própria fazenda (ou comprado de vizinhos), como é o caso dos queijos minas artesanais, dos requeijões e queijos de coalho do nordeste, dos queijos coloniais no Sul do país, por exemplo. As exigências de pasteurização do leite antes de fazer o queijo estão entre as que dificultam a venda legalizadas dos queijos, tirando uma fonte de renda importante para a sobrevivência destes produtores e deixando-os nas mãos das indústrias de laticínios.
Os queijos de leite cru (sem pasteurizar) são um símbolo porque são vivos: sua riqueza de sabores e aromas é dada justamente pela presença de uma grande diversidade de microorganismos lácteos (“bons microrganismos”), que além de serem bons para nossa flora intestinal muitas vezes protegem estes queijos de possíveis patógenos (“maus microrganismos”). Mas esta riqueza é destruída pela pasteurização.
As exigências da legislação sanitária levam a uma padronização dos alimentos, destruindo sabores e a diversidade local. O manifesto em defesa dos queijos de leite cru denuncia que estas normas sanitárias tiram a liberdade de escolha dos consumidores de comprar alimentos mais vivos, mais naturais e artesanais. E chama a atenção para que uma dieta de alimentos excessivamente esterilizados não é boa para nossa saúde, pois nosso sistema imunológico precisa de desafios para se fortalecer
As normas sanitárias atuais acabam impedindo a agricultura familiar de processar e vender diretamente não somente os queijos, mas uma diversidade de produtos que podem ser importantes para a renda dos agricultores e agricultoras familiares, como geléias, conservas, polpas de fruta, embutidos e mesmo leite, carnes e ovos. Em nome das exigências de esterilização, as leis sanitárias impedem o uso equipamentos e utensílios de materiais naturais, como madeira e barro, mas também de embalagens naturais.
Este é outro problema da legislação sanitária, que vai contra o princípio dos “3 Rs” (três erres: Reduzir, Reaproveitar e Reciclar), defendido pela Rede Ecológica. São fortes as exigências de materiais descartáveis (em geral plásticos) na produção (luvas, tocas, formas) e na embalagem dos produtos. Em Minas, por exemplo, os queijos eram todos transportados e vendidos sem embalagem e os produtores mais antigos costumam dizer que isso não é necessário, pois “a casca é a embalagem do queijo”. Mas por exigência da fiscalização cada vez mais são utilizadas embalagens plásticas, que mudam a textura dos queijos, por não os deixarem respirar. A legislação também exigem que o queijos sejam transportados e mantidos sob refrigeração, o que não é necessário (e nem desejável) nos queijos de leite cru, que quando mantidos na temperatura ambiente (e não abafados em embalados em plástico) não estragam, mas sim “maturam” ou “curam”, como também é dito.
Com medo de possíveis contaminações, as leis sanitárias interditam o reaproveitamento de embalagens. Uma das formas da Rede Ecológica de apoiar esta campanha, foi inserir na sua lista de compras um Queijo Minas Artesanal da Canastra, como um exemplo delicioso das diferenças entre um queijo artesanal de leite cru, e sua versão industrializada, padronizada e pasteurizada, que é o queijo “minas padrão” encontrado nos supermercados. Para incluir este queijo na nossa lista foi feita uma viagem à região da Canastra, em 2011, para visitar e conhecer as famílias produtoras. Vimos que muitos deles, mesmo pequenos e artesanais, não são agroecológicos, pois já foram bastante difundidas também naquela região as raças de vacas “melhoradas”, que para produzir mais exigem rações (em geral feitas com soja e milho transgênicos), precisam de venenos como carrapaticidas e bernicidas e também mais antibióticos (por serem menos resistentes). Quanto maiores os rebanhos e mais produtivas as vacas, em geral é maior a utilização destes produtos. A Rede Ecológica escolheu o queijo minas artesanal da Chácara Esperança, de produção familiar e agroecológica.
Além disso, a Rede também incluiu na sua lista os produtos do Laticínio Bemposta, aqui mais próximo do Rio, que não têm selos oficiais de inspeção sanitária mas tem produtos deliciosos, feitos com muito carinho e comprados de famílias de pequenos produtores da região, com laços de solidariedade entre eles. Nem todos os produtores são agroecológicos, mas não utilizam rações transgênicas e utilizam pouquíssimos produtos químicos. E a Rede tem dado um apoio para fazerem a transição para a agroecologia, além de incentivar que façam alguns dos produtos com leite cru, como é o caso do Minas meia cura, que deixou de ser pasteurizado após o incentivo da Rede.
Junto com a campanha em defesa dos queijos, a Rede Ecológica vem participando de outras mobilizações e campanhas por normas sanitárias mais inclusivas para a produção artesanal e familiar, tendo apoiado, em 2014, a “Carta Aberta à ANVISA em favor da produção artesanal, familiar, comunitária e da alimentação saudável”.
O powerpoint da Campanha Normas Sanitarias Inclusivas apresenta os problemas e os desafios para a construção de normas sanitárias mais inclusivas e mais adequadas a modelos de produção agroecológicos.
Parcerias
Junto aos movimentos sociais temos uma segunda forma de participar, através de divulgação de suas ações: as parcerias. Temos parceria com os seguintes movimentos e instituições:
AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
http://www.contraosagrotoxicos.org/
http://www.chegadeagrotoxicos.org.br/
Rede Brasileira de Grupos de Consumo Responsável
http://institutokairos.net/2015/05/acervo-sobre-grupos-de-consumo-responsavel/
Sumá – Rede de Consumo Responsável (Itaipava)
Local: APA de Petrópolis – Estrada União e Indústria, 9722 (ao lado do Corpo de Bombeiros)
Entrega mensal em um sábado de 9h às 12h, exclusivamente de produtos secos. As compras de frescos ocorrem com produtores locais.
E-mail: contato@redesuma.com.br
O então “núcleo Itaipava” surgiu em 2013, fruto de uma parceria mais antiga com a Rede Ecológica no acompanhamento da certificação orgânica dos produtores do Brejal. Somou-se à Feira Ecosolidária da APA que acontecia todos os sábados na sede dessa instituição em Itaipava, e desde então veio se desenvolvendo com o objetivo de reforçar a inclusão de produtos locais. O núcleo começou seu processo de regionalização no início de 2016 começando a fazer alguns pedidos de forma independente, processo esse que foi consumado em janeiro de 2017. A partir daí o grupo adota um novo nome, Sumá – Rede de Consumo Responsável – e volta-se para o fortalecimento de seu papel enquanto ação da APA, que é o de fortalecer a produção e o consumo consciente locais. Continua afiliado à Rede Ecológica, com a qual mantém a afinidade ideológica, a participação na comissão gestora e uma logística comum para a compra de certos produtos.