As compras coletivas são uma modalidade de consumo consciente que fazem parte da economia solidária: é o momento final de uma cadeia que se inicia com organizações solidárias de produtores, idealmente passando pelo transporte solidário, pelas encomendas dos consumidores e chegando até seu momento final, de compra, também solidária. Nestas instâncias, a ênfase é que os grupos pratiquem a auto-gestão, garantam condições de trabalho justas e cuidem das condições ambientais, buscando relações simétricas e harmoniosas entre o campo e a cidade.
As encomendas representam da parte do consumidor um compromisso com a compra, com a qual terá que arcar. Para o produtor, significa que ele tem a venda de um certo número de seus produtos garantida (os produtos encomendados). As compras coletivas são o início da aproximação com os produtores, que se aprofunda através do agroturismo, das campanhas, de oficinas culinárias, das práticas de reaproveitamento, e da agricultura urbana.
A integração entre produtores e consumidores resgata a cadeia produtiva desde seu início. Conhecemos os produtores, em boa parte, conhecemos quem transporta os produtos, quem entrega e busca.
O momento de entrega representa também a possibilidade de interação e troca entre vizinhos, tão perdida na cidade grande. Como a Rede Ecológica é uma iniciativa de consumidores, qualquer um pode aproximar-se do processo, e é muito desejado que o faça, e participe do que está acontecendo nesta interação campo-cidade.
Comprar coletivamente significa uma compra diferente da feira, porque o produtor geralmente não está presente (em realidade é uma forma de aliviar o trabalho dos produtores, que quando estão nas feiras deixam de estar no campo). Não há risco para o produtor, pois ele sabe de antemão que o que mandar, será pago. Gera renda para pessoas da cidade, de modo mais pontual, que se envolvem com a encomenda, transporte dos produtos, e entrega aos consumidores.
São compras diferentes das lojas e supermercados, porque enxuga-se o número e produtos, buscando apenas abastecer as pessoas dos itens fundamentais de um cardápio agroecológico. Assim, a Rede Ecológica tem de modo predominante um produto oferecido de cada. Este é um desafio para nós, consumidores habituados cada vez mais a termos um rol abundante de possibilidades, e “navegar” entre elas. A proposta reforça a fidelidade.
Como buscamos parcerias estáveis com os produtores, estes abastecem de uma maneira constante a Rede. A substituição de um grupo de produtores poderá acontecer em função de critérios geográficos – privilegia-se os produtores do estado do Rio de Janeiro, ou outros – dá-se preferência a produtores organizados coletivamente, em relação ao produtor isolado. Mas este é um assunto delicado, pois representa um tipo de mudança que não pode comprometer a relação com o grupo produtor com o qual vínhamos trabalhando.
As compras coletivas são uma modalidade de consumo proposta pela economia solidária.