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Relato da 3a. Oficina de Cozinha

Bibi Cintrão (Santa), encaminha o relato da 3a Oficina de Cozinha, realizada no dia 13 de maio, em Belford Roxo:

“A 3a Oficina de Cozinha foi realizada pela Rede Ecológica, como parte das atividades do Programa Campo e Cidade se dando as mãos. Esta oficina teve parceria com a Rede Fitovida e aconteceu na sede do Projeto Grão de Mostarda, na Paróquia Na. Sra.de Fátima, que tem uma cozinha bastante boa.

A oficinas de cozinha são um momento de encontro e de trocas, para celebrar o prazer de cozinhar e de comer juntos. Seu objetivo é sensibilizar para uma outra forma de cozinhar, que parta da adaptação das receitas aos alimentos disponíveis regionalmente, assim como da utilização de ingredientes naturais em substituição aos industrializados. Partem do desafio, colocado para o consumo consciente, de construirmos juntos novas possibilidades (mas também resgatar hábitos que estão se perdendo) para que a comida do nosso dia a dia seja ao mesmo tempo saborosa e saudável e possa fortalecer produtores e sistemas de produção justos e em harmonia com a natureza. Acreditamos que a cozinha é um elemento importante para incentivar a formação de coletivos de consumo na baixada fluminense.

A equipe do Programa Campo Cidade dando as mãos ajudou a mobilizar para a oficina.

Participaram 17 pessoas, mais ou menos assim distribuídas:
– Beth, Milca e Bibi, pela comissão de culinária da Rede. Ana Santos na última hora não pôde participar, pois não conseguiu deixar a barraca na feira.
– 6 pessoas de Belford Roxo, sendo 3 da Rede FitoVida: Jorge (que havia participado das oficinas anteriores), Lilia Silva e Cristina Freitas. A participação da Rede FitoVida ficou aquém do que esperávamos, pois a oficina havia aparecido como uma demanda deles. Vieram também 2 senhoras que ficaram sabendo na hora. Uma (boa) surpresa foi que apareceram dois técnicos recém-chegados à Secretaria de Meio Ambiente de Belford Roxo, que souberam da oficina pelas redes sociais. Eles estão com um projeto para implantar uma feira do produtor em Belford Roxo e, além de participarem da oficina toda e darem uma ótima contribuição, eram bons cozinheiros!
– 2 pessoas de São João do Meriti: Italo (da APAC) e Regina (da Economia Solidária). Os dois e mais D. Iraci (do Forum Estadual de Economia Solidária) são pessoas históricas nos movimentos da Baixada.
– 2 pessoas que haviam participado do curso de formação de grupos de consumo: Lucília (Caxias) e Angela (Nova Iguaçu), esta última com uma amiga.

Avaliamos que a oficina foi boa e mais uma vez se confirmou que seu formato funciona bastante bem: a construção coletiva do cardápio a partir dos ingredientes disponíveis, resultando num almoço saboroso e diversificado, com muitas trocas e aprendizados durante o processo. Em torno do cardápio e do cozinhar juntos surgem diversas discussões, tanto sobre receitas sobre os desafios para uma alimentaçaõ mais saudável e para o apoio aos produtores. Além do arroz e feijão, levamos principalmente produtos que são normalmente produzidos nos assentamentos da Baixada Fluminense (aipim, quiabo, jiló, abóbora, batata doce). Levamos também a carne de jaca. Uma pessoa de lá trouxe bertalha e temperos verdes que tinha no quintal. Notamos que na área da Paróquia, um grande terreno com um bonito gramado, não havia nada “de comer”: nem árvores frutíferas e nem mesmo “matos comestíveis”. Um limite foi a não participação de produtores (algo que precisaria ser pensado, mas talvez este formato não favoreça…).

Após o almoço, fizemos uma avaliação que terminou sendo também uma conversa sobre os desafios para um consumo consciente, tanto na organização dos consumidores quanto no acesso aos produtores. Surgiram diversas questões interessantes. A presença dos técnicos da secretaria do meio ambiente suscitou discussões sobre o papel das prefeituras, a articulação com as políticas, as diferenças entre feiras e grupos de consumo, os desafios para fazer chegar os produtos aos consumidores (incluindo o custo dos transportes).

As oficinas de cozinha se confirmam como uma atividade a mais no Programa Campo Cidade, que vale a pena ter continuidade. Alguns participantes avaliaram que é importante elas serem rotativas, em diferentes lugares, pois assim permitem conhecer outros espaços e iniciativas. Com relação aos custos, as inscrições de R$ 5,00 deram um total de R$ 75,00, que mais ou menos bancam os ingredientes. Gastamos com transporte das 3 pessoas da comissão de culinária (fomos e voltamos juntas, levando todas as coisas necessárias) cerca de R$ 170,00, custos bancados pelo programa.

Como continuidade, a comissão de culinária está propondo duas oficinas “temáticas”:
– Uma sobre o palmito, na Casa Anitcha, mais voltada “para dentro” da Rede Ecológica, na qual discutiríamos também a questão das datas de validade, pois os palmitos do estoque estão com o prazo de validade quase vencendo.
– Outra sobre jaca (e carne de jaca), no CEM, ainda sem data, mas pensamos em fazer a cada 45 dias (se for assim esta ficaria para agosto).

Com o CAC (de São João do Meriti) e Belford Roxo, a proposta é não fazer necessariamente oficinas de cozinha, mas pensar ações que possam fortalecer o trabalho local com alimentação. No CAC a proposta é ajudar a escola a puxar um trabalho sobre alimentação com as crianças da escola e que envolvam professoras e mães/pais dos alunos, potencializando a área que eles têm (para matos comestíveis, frutíferas, etc). Com Belford Roxo está começando a se delinear uma parceria com a Ação Pela Cidadania, que pode ter desdobramentos (será feito um relato específico sobre isso).”