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Relatório do núcleo Vargem Grande nos movimentos sociais

Olá Rede Ecológica. Primeiramente Fora Temer. Fora Maia. Segundamente agradecer a escola organizativa que vocês tem proporcionado ao nosso canto da cidade. Também registramos e agradecemos a compreensão de vocês sobre as especificidades da luta no bairro de Vargem Grande. Está sendo muito importante ter a Articulação Plano Popular das Vargens (APP_Vargens) como um movimento social ligado à área 4 da Rede Ecológica. Vamos fazer um apanhado aqui que corre o risco de ser repetitivo, mas achamos importante.
Iniciamos relembrando o problema que nos levou a fundar a APP_Vargens. Desde a década de 1990, a prefeitura do Rio vem promovendo um processo de urbanização lesivo aos interesses socioambientais e culturais das comunidades locais e tradicionais. Em sua gênese, o Projeto de Estruturação Urbana (PEU) para a as Vargens já anunciava a remoção de 29 favelas. Isso provocou a criação de um grande movimento de base, o Movimento União Popular pelo Direito de Moradia cuja memória permanece viva na luta embora não mais se organize como tal. As ameaças à integridade física de militantes e familiares fez recrudescer o movimento. Registre-se.
Com os jogos globais o executivo municipal voltou à ofensiva e propôs o Projeto de Lei Complementar – PLC 140/2015. Essa proposta trazia uma maldade ainda maior. A pressa do ex-prefeito e suas empreiteiras na fase pré-Lava-Jato era tamanha que “recortaram e colaram” o mesmo decreto de privataria do “Porto Maravilha” e adicionaram a nova edição do PEU. Assim, num mesmo decreto coexistia uma proposta de urbanização e uma operação urbana consorciada (OUC) tendo a frente a famosa Odebrecht. Com a história de Vila Autódromo que teve mais de 90% de suas casas removidas, nós da comunidade mais antiga, nos perguntamos: Será a vez das Vargens? Irão passar o trator em nossa história? Tinha sobrado pouco ânimo da organização de base anterior.
Nossa articulação em rede já tinha contornos internacionais graças à agroecologia que nos deu um novo vigor e organização. Com a participação e liderança de várias cestantes do Núcleo Vargem Grande, com a força da Rede Carioca de Agricultura Urbana, com os Quilombos do Camorim e Cafundá Astrogilda, o Colégio Estadual Teófilo Moreira da Costa e com as universidades criamos a APP. Os últimos 18 meses foram tão intensos de lutas que nos espanta recordar.
Assim como em Vila Autódromo contamos hoje com a adesão de militantes de toda a cidade. Os interesses aqui postos em jogo não são apenas locais e por isso nos entendemos como um movimento social em rede. Quem pensa sobretudo nas ameaças ambientais que pairam sobre nossas vidas em família tem nos ouvido. Além de nosso protagonismo, fatores externos contribuíram para a vitória de algumas batalhas.
A operação Lava Jato fez deter a agressividade privatizante da Odebrecht, por exemplo. O prefeito perdeu a eleição (Viva!). Antes porém retirou o PLC, recolocando no cenário o PEU 2009. Esse não é bom, mas tem como mérito (minúsculo) não promover a privataria da OUC.
Além da intensa comunicação comunitária, com a liderança do Laboratório ETTERN/IPPUR/UFRJ, nos engajamos na redação do Plano Popular das Vargens. Foi realizado um curso participativo e daí foi redigido o texto que será apresentado à sociedade no dia 12 de agosto de 2017 em evento no Colégio Teófilo.
Ao mesmo tempo continuamos com diversas articulações externas ao bairro como o Comitê Popular de Mulheres da Zona Oeste. Mais recentemente estamos atuando na Assembleia Popular da Água e convidamos a Rede para também integrar essa nova bandeira.
Acompanhem o desenrolar do evento de apresentação do Plano Popular através desse evento:
https://goo.gl/yjV985
Convidamos oficialmente a Rede Ecológica a subscrever o Plano Popular como ferramenta de lutas e a participar da organização do evento.
Mariana Bruce e Silvia Baptista

Representantes da Rede Ecológica na APP Vargens