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Relato sobre a Comemoração dos 30 anos do CAC (parte das ações do Programa Campo e Cidade dando-se as mãos)

Bibi Cintrão (Santa), representante da Comissão de Cozinha do Projeto Campo e Cidade se Dando as Mãos, apresentou o relato do evento em comemoração aos 30 anos do CAC:

“No dia 24 de agosto houve comemoração dos 30 ANOS do CAC -Centro de Atividades Comunitárias de São João de Meriti (CAC), na Baixada Fluminense. O CAC foi criado em 1987, por militantes de movimentos sociais, com o objetivo de desenvolver experiências concretas nas áreas de educação, saúde e produção, tendo em vista subsidiar as lutas dos movimentos sociais por melhores serviços públicos, em especial por uma educação de qualidade. Contou desde o início com apoio da cooperação francesa. Atualmente o CAC mantém uma escola com 80 alunos de 4 a 6 anos, onde realiza um trabalho de alfabetização e incentivo à leitura, aliado à formação de professores, através de um convênio com a Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, da UERJ. A comemoração dos 30 anos foi uma bonita festa, com a presença de entidades parceiras, a Rede Ecológica entre elas.

Repasso trechos do email enviado por Adriana, coordenadora pedagógica do CAC, avaliando a comemoração de 30 anos:

“Saudações companheiros!

Quero dizer que fomos muito ousados. Encaminhamos ao mesmo tempo diversas ações, envolvendo diversos grupos…, mas eu sabia que conseguiríamos pois tinhamos ao nosso lado pessoas sérias, amigos que, como nós, acreditam que um mundo melhor é possível:

AMAR – esta parceira de longa data. Agradecemos por inserir o CAC nas atividades do Chantier 2017. A visita dos jovens nos deixa, além das lembranças e amizades, a certeza de que todos podem ajudar, mesmo quando viemos do outro lado do oceano, ou do outro lado da rua, é só querer. Que nós possamos alimentar este espírito  de solidariedade e participação deixado pelo Chantier.

Rede Ecológica, que nos foi apresentada pela AMAR, para nos ajudar a pensar o Quintal do CAC, e com a qual estamos construindo uma bonita parceria. Puxou com coragem o mutirão de limpeza do quintal e está estabelecendo uma bonita relação com os moradores do bairro.

A Escola de música da AMC – parceira, vizinha do CAC, instituição que tanto orgulha a baixada fluminense.

Com certeza, sem a participação de vocês não teríamos conseguido realizar essa festa, que reuniu autoridades de duas instituições tão importantes para a manutenção do trabalho do CAC durante esses 30 anos: Prefeitura de São João de Meriti e UERJ.

Para vocês, só um sincero agradecimento pelo apoio e participação neste evento.  E que possamos estreitar laços, para seguir na luta neste Brasil tão Temerizado.

Um forte abraço a todos!!!”

Relato sobre as atividades no Quintal do CAC, dentro do Programa Campo e Cidade dando-se as mãos

O contato da Rede Ecológica com o CAC se deu através das ações do Programa Campo e Cidade dando-se as mãos, por indicação da AMAR, Ong francesa com quem a Rede Ecológica também vem estreitando parcerias. Nosso objetivo principal é o apoio para a organização de um grupo de consumidores na Baixada tendo como base o CAC. Foram realizadas lá duas oficinas de cozinha, pela Comissão de Cozinha da Rede Ecológica (Milca, Beth Bessa, Ana Santos, Denise e Bibi), com apoio de outras pessoas que participaram. Ana Galizia nos brindou com um vídeo desta oficina (https://www.youtube.com/watch?v=5GBMhs1Z9hQ&feature=youtu.be) e a 2a oficina, com Irma, sobre as PANCs, foi filmada e fotografada por Joyce.

Percebemos nas oficinas que há pouco interesse e sensibilidade da comunidade local em relação a uma alimentação sem agrotóxicos e menos industrializada. Assim, a formação de um grupo popular de consumidores de produtos agroecológicos e de economia solidária (proposta do Programa Campo e Cidade) demanda um trabalho de mais longo prazo. Mas estamos percebendo também que há um grande potencial nesta parceria com o CAC, pois há um interesse da direção pedagógica e das professoras em fazer este trabalho com as crianças, que pode chegar até as famílias. Por exemplo, as crianças levam para a merenda biscoitos/ salgadinhos e bebidas (refrigerante, toddynho, etc.), todos ultra-industrializados. As professoras já começaram a fazer um trabalho de incentivo a mudanças no consumo, pedindo para que toda sexta-feira as crianças tragam frutas. Também as frutas do quintal são colhidas e dadas às crianças.

Além disso, nas oficinas de cozinha, descobrimos uma relíquia: o CAC tem um quintal de 4.000m2, nesta região da baixada onde há uma grande carência de áreas verdes. Tem árvores frutiferas (bananeiras, mangueira, pé carambolas, de cajás, entre outras), já teve horta comunitária. Identificamos ali uma riqueza de PANCs (os “matos comestíveis”) e de plantas medicinais. E o quintal tem potencial para cultivos agroecológicos diversos.

A proposta lançada por Miriam Langenbach era de recuperarmos o quintal e fazermos uma inauguração deste espaço como parte da festa dos 30 anos. Neste processo, vimos que toda a parte dos fundos do quintal estava tomada por lixo que os vizinhos jogam. Com o apoio de Zolmir (do Verdejar) foram feitas diversas ações preparatórias de limpeza. Adriana (coordenadora do CAC), depois de muitas idas e vindas, conseguiu que a prefeitura viesse retirar o lixo do terreno. Foram tirados 7 caminhões de entulho! Os problemas com a coleta de lixo e com a rede de escoamento de água da chuva levam a que os vizinhos de trás usem esta área como depósito de lixo. As professoras fizeram, junto com as crianças, duas passeatas na rua de trás, com cartazes pedindo aos moradores que “não joguem lixo na nossa escola”.

E foi marcado um grande mutirão para a semana da comemoração dos 30 anos, com a presença das várias entidades parceiras e também dos jovens franceses que vieram para Chantier 2017 da AMAR (ong Acteurs dans le Monde Agricole et Rural), parceira antiga do CAC. Por conta da chuva o mutirão precisou ser adiado e aconteceu dois dias depois, com a presença de cerca de 10 pais e mães de alunos, da Rede Ecológica, do Verdejar, de uma professora e 2 alunos da escola Presidente Kennedy (que viria com um ônibus, mas o adiamento não permitiu). A fundação Xuxa se dispôs a ajudar com um trabalho de compostagem, junto às crianças, mas com o adiamento não pôde ir.

Na comemoração dos 30 anos foi feita uma inauguração simbólica do Quintal, com a entrega de um vaso de bredo para autoridades presentes. Mas embora muito se tenha avançado, falta muito trabalho para recuperar a área do quintal e construir uma proposta de educação ambiental e de educação alimentar com a comunidade local. Embora a maior parte do lixo tenha sido tirado pela prefeitura (a chuva atrasou este trabalho), o muro de trás tem uma parte que caiu e precisa ser recuperada. A Rede Ecológica vai precisar dar um apoio de mais cestantes para tocar à frente este projeto. Vai ser marcado um próximo mutirão e avisaremos a todos.