No dia 14 de abril, fizemos uma visita ao Assentamento Terra Prometida (do MST), situado na região rural de Duque de Caxias, RJ.
Saímos de casa cedo. A primeira parada foi na Casa do Alemão, lá encontramos todos que visitariam o Assentamento com a gente. Passamos um tempo no asfalto até começar o trecho de terra. Fiquei até surpresa porque é um lugar relativamente perto de casa, mas muito rural. Havia casas pequenas, animais passando por nós e até algumas pessoas bem do “estereótipo de campo” passando numa carroça.
Pelo caminho podiam-se observar os areais, imensas dunas de areia sendo coletadas por máquinas em lagos de um azul bem esverdeado. Aquilo, além de ilegal, prejudicava o meio ambiente e pudemos entender muito sobre o caso desses areais na visita (e logo no dia seguinte conseguiram que eles fossem retirados dali) [ veja os desdobramentos dessa luta no texto Audiência Pública examina Crimes Ambientais.]
Enfim chegamos numa casa com um varandão e cozinha, próxima a uma outra casa de bioconstrução em que não chegamos a entrar, ao lado. Lá tinha tipo um mini museu sobre aquele local e sua constante luta.
Tomamos o café da manhã servido lá mesmo. Algo que não gostei foi que demorava muito entre uma atividade e outra, por isso achava melhor se eles propusessem uma visita mais rápida, ficaria menos cansativo e também mais pessoas poderiam ir, já que muita gente não pode ficar desde cedo até a tardinha num único compromisso.
Enquanto algumas pessoas conversavam, um dos moços de lá explicava a situação do local. As pessoas estavam invadindo os terrenos conquistados legalmente por eles. Por isso, fomos para um dos lotes plantar para movimentar o terreno e mostrar que tinha gente ali. No começo fiquei meio perdida porque chamaram uma quantidade de pessoas para cada função só que eu e algumas outras estávamos sobrando.
Enfim pegamos na terra e fomos com toda a força do Super Homem cavucar o chão e plantar mudinhas para uma horta. Entre uns descansos, bebidas de água e outros, tiramos os feijões do casulo para um balde e plantamos flores para uma cerca viva também. Haviam duas mulheres principais comandando todo esse processo. No meio tinha umas cantorias e uma de luta que compreendo mas que não acho legal: foi quando eles cantaram “se matarem um de nós, são dez de lá que vão morrer” ou algo assim.
Depois tivemos o almoço com um suco de limão e chaia muito bom.
Então, chegou a hora das palestras. Foram algumas horas explicando diversas questões e até ameaças sofridas por eles (uma tinha sido no dia anterior, então até fiquei meio preocupada). Pudemos entender e viver um pouco da realidade deles, vimos que eles estão deixando a terra produtiva de novo e contribuindo muito bem para o ecossistema local e para os movimentos de agricultura e consumo orgânico. É graças a eles também que temos comida de qualidade em nossas mesas. As falas foram longas e construtivas, todos ali pareciam entender a importância de estarmos presentes naquela hora.
Por fim teve uma feirinha com os alimentos produzidos no local. Foi um dia bem aproveitado e que nos fez entender coisas muito pouco faladas e que acabou ajudando o Assentamento também.
Depois quero voltar pra ver como ficou a nossa plantação.
Joana Lins D’Albuquerque Moreno, 16 anos.