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.visita ao Serorganico

Relato de Miriam Langenbach e Tania Franco:”Estávamos João Pimenta, Oswaldo, Flavio,Miriam, Tânia, Violette, Iraci,Fátima, Patrícia e colega da Emater ..
Foi na igrejinha, como sempre.

O primeiro momento da reunião foi tomado com mostrar as fotos da queimada, e comentar como os sítios do grupo foram muito afetados. Um dos exemplos mais pungentes foi o Flavio, que tinha já vendido e recebido metade de sua colheita de cana, que foi totalmente devastada. Ele teve que devolver o dinheiro.

Iraci trouxe a perspectiva do gado de seu sitio ser vendido, na medida em que Leon, seu marido, tinha se desgastado demais em combater o incêndio, se machucado (ela estava fora neste período) e não está mais querendo continuar com esta atividade, o que lhe dói muito. Há pouco um boi que tinha sido descarte de um vizinho e que eles criaram com o maior carinho foi morto por pessoas interessadas na carne, de forma muito cruel.

Apesar de estarem novamente plantando e retomando, o clima de desânimo e de certa revolta era claro. A ausência do poder publico para lhes dar algum apoio emergencial, tipo um salário mínimo por 3 meses, algum apóio. Houve certa pressão sobre a técnica da Emater, para que houvesse uma movimentação que acionasse dispositivos emergenciais. Foi citado um projeto que fora encaminhado há 2 anos, para equipamentos, e que agora a verba veio, defasada, impossibilitando a compra.

Ao mesmo tempo ficou claro que da parte do grupo do Serorgãnico também tinha faltado mais iniciativa no sentido de chamar instituições para apoiar. Isto ficou claro, porque a Emater não tinha sido chamada, veio. Miriam comentou que Lucia Helena tinha feito um esforço para vir, mas estava sobrecarregada, mas que também não tinha havido nenhum convite neste sentido. Serviu como um toque para que neste tipo de situação, os parceiros e possíveis apoiadores sejam chamados ativamente.

Outro dado comentado foi em relação a feira, deles serem praticamente um dos únicos grupos que comercializa apenas seus produtos. 90% da feira os feirantes trazem produtos de terceiros, assumindo um papel de atravessadores, algo que pelo que tinha sido combinado na regulamentação da feira, não deveria existir. Por outro lado foi mostrado que muitos produtores não querem ter que se deslocar, vender,etc, função que é assumido por outra pessoa.

A seguir nos voltamos por bastante tempo para a questão dos sacos plásticos, falando bastante também da campanha Xô Saco Plástico! Isto porque especialmente Iraci sempre foi um modelo de busca de materiais de reaproveitamento e naturais como embalagem. E agora vemos para a feira tudo sendo embalado em saco plástico, já vindo antes assim. É a praticidade acima de tudo: tempo é dinheiro. Iraci reconheceu que mudou, se adaptou. Discutimos o processo de envenenamento que um produto limpo volta a sofrer, e que isto pede atenção em primeiro lugar, e disposição para nem que seja como transição, ir buscando saídas.
Foi levantado o saco de celulose, e se falou que Erika pesquisou e encontrou saida.
Se viu a necessidade ede que as pessoas levem uma série de produtos a granel, e que neste sentido eles podem ter também um papel educativo.
Ficaram perguntas sobre a redezinha e também o tnt, que não soubemos responder.
A possibilidade deles terem caixas de papelão no qual os produtos ficam a granel. Claramente o trabalho na hora de pesar é algo que o saco plástico poupa, na medida em que isto é resolvido anteriormente.
Falamoso do projeto com a aspta, e a possibilidade deles terem uma sacola deles, Serorganico.

Outro assunto que foi trazido por eles foi a questão dos preços, dando a entender que há insatisfação com certos preços. Colocamos não estarmos em condições de interagir sobre isto, que eles deverão fazer suas propostas. Que o que a rede deseja é retomar aquela reunião feita há anos entre os vários grupos, para se ver conjuntamente preço, manejo de produtos iguais, e interação. Há uma perspectiva de Lucia Helena assumir a coordenação do acompanhamento de frescos, e isto poderá ajudar nesta construção.
O importante para a rede é que haja um único preço para certo produto, que seja um preço justo. Pode eventualmente ser um preço intermediário entre as propostas de 2 grupos.

Ficou claro que nós, consumidores, ainda temos uma idéia limitada da fragilidade estrutural que cerca os agricultores agroecológicos/orgânicos especialmente. Quando eles perdem, nós não vemos isto como algo com que poderíamos estar envolvidos mais profundamente. Foi citada a proposta das amaps na França, em que se banca o plantio de produtores com a garantia de uma certa cesta durante a colheita. Para nós, consumidores é difícil assumir os riscos inerentes a esta profissão. Por mais que achemos o agricultor importante, neste momento há uma clara divisão. É algo que precisamos ver melhor, e talvez um encontro entre produtores e consumidores deveria tematizar este assunto.

Violette, que é da ONG Agrisud e tem feito o acompanhamento dos agricultores do Serorganico junto ao club Med, para quem vendem produtos, teve um papel ativo na reunião, trazendo muito bem também a visão de consumidora.

Falamos do circuito do Consumo Consciente do Estado do rio de Janeiro, que envolve oficinas e visitas. Falamos da recémconstituida comissão de agroturismo, que deverá levantar junto aos agricultores tanto o interesse em recepcionar, quanto em relação aos diferentes formatos. Foi abordado o Woof, uma proposta internacional em que pessoas trabalham na terra em troca de pernoite e alimentação. Violette está se propondo a examinar isto melhor, ajudando o grupo a se organizar para isto.

Vimos também a questão do núcleo Seropédica, em que se viu que não há pessoas disponíveis para viabilizá-lo. Conversamos sobre a possibilidade dos produtores do Serorgânico, assim com o sitio quaresmeiras, ter a possibilidade de receber seus produtos na feira da Glória, integrando um postinho Glória, que não chega a ser núcleo. Ficaram muito felizes com esta perspectiva que facilitaria as coisas. Ao mesmo tempo de fato estariam vinculados ao núcleo de Nova Iguaçu, inclusive se dispondo em certos momentos a estarem com os produtores, transmitindo sua experiência bem sucedida – apesar dos grandes obstáculos.

Foi uma reunião em que houve muita troca e fica claro que o acompanhante tem que se dispor uma a duas vezes por ano a viver estes momentos presenciais, a estar de fato mais próximo. Isto vale para todos nossos produtores de frescos. Os produtores voltaram a expressar seu desejo por ter consumidores no SPG. Mas sabemos que este é um grande desafio, já que a ida para quem vem do rio é muito custosa em vários sentidos.

Fica como questão que formas podemos propor de ajudá-los neste dificil momento. Quem tiver propostas, encaminhe-as à comissão pedidos.