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alimentos vencidos: a conversa continua

Dando continuidade à conversa sobre produtos vencidos, que se iniciou com a mensagem de Bibi Cintrão, veio uma outra fala de Cristina neves, colocando outra visão, que reproduzimos a seguir:
bom dia, lendo o depoimento da Bibi sobre o prazo de validade não pude deixar que refletir sobre algumas particularidades que não foram consideradas.
As doenças veiculadas por alimentos, as intoxicações, toxiinfecções ou infecções alimentares são decorrentes do consumo de alimentos contaminados e não de alimentos estragados, que são coisas distintas. Alimentos contaminados não necessariamente estão estragados. O alimento estragado tem alteradas suas propriedades organolépticas: podemos perceber pelos sentidos as alterações de cor, de textura, de cheiro, de sabor. O iogurte é um leite estragado (pois o leite já não guarda mais suas características, está ácido, floculado…) mas culturalmente gostamos do iogurte. Assim também podemos citar entre outros o vinho (suco de uva estragado), a cerveja (suco de cevada estragado) e o queijo (leite estragado), e vários alimentos da culinária oriental.

Um tipo de contaminação que pode ocorrer com o arroz cozido não altera o sabor ou o cheiro e assim, o arroz pode ser facilmente consumido sem que se perceba a contaminação que carrega. Foi assim que quase 200 crianças do CIEP da Rural foram parar nos hospitais das cidades vizinhas, num surto que foi fartamente noticiado.

A contaminação de produtos lácteos com salmonela, com listeria, com toxina botulínica não promove alterações que nossos sentidos possam facilmente distinguir. Há registro de uma freira em Minas Gerais que adquiriu creme de leite em promoção por estar com prazo de validade muito curto. O produto foi guardado por algum tempo além e então consumido. A senhora desenvolveu um quadro de botulismo e veio a falecer. Precisamos entender que o processo UHT e equivalentes asseguram apenas a “esterilização comercial” o que significa apenas que para o prazo de validade estabelecido o produto é seguro para consumo. O processo UHT não elimina esporos e são justamente os esporos do Clostridium botulinum que ao germinar produzem a toxina botulínica causadora da intoxicação, ou do botulismo.

Acho que a responsabilidade de quem oferece produtos vencidos é muito grande. Assim como grandes são as variáveis que precisam ser consideradas.