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2014: Prenuncio de novo momento da rede ecológica

Pretendemos marcar em breve uma reunião para conversar sobre novos rumos para a rede ecológica (se possível na próxima semana ou no máximo em 15 dias).como subsidio segue o texto abaixo, que será apresentado em sua primeira parte hoje. a segunda segue na próxima carta semanal.
2014: Prenuncio de novo momento da Rede Ecológica
Miriam Langenbach

O ano de 2014 assume um papel muito importante no histórico da Rede. São 13 anos de trabalho ininterruptos, com uma diversificação crescente de atuações, e muitos consumidores interessados em aderir.

Representa ainda o estabelecimento, pela primeira vez, de parcerias da Rede Ecológica com projetos. Com um deles, o projeto Alimentos saudáveis mercados locais, coordenado pela Aspta, estamos tendo a oportunidade de desenvolver um trabalho ideológico junto a consumidores, o que nos levou a elaborar novos materiais.

A Rede tem muitas formas sutis, silenciosas, de trabalhar a conscientização em relação ao consumo. Sua prática de compras vai ensinando de modo cotidiano e diversificado que o consumo pode acontecer de um modo muito diferente do habitual.

Como material educativo explicito prezamos muito ppts (powerpoints) elaborados por nossos associados, e que são base para oficinas que estamos realizando de modo sistemático este ano. Temos um material já elaborado e trabalhado ao longo dos últimos 3 anos (o ppt agroecologia x agronegócio e o ppt especifico sobre a Rede Ecológica, explicitando seu histórico, pressupostos e a forma de funcionamento ) . Já neste ano o foco caiu sobre 2 temas fundamentais em relação ao consumo: um voltado para o momento anterior à compra, buscando a fidelização do consumidor – através da publicidade; o outro volta-se ao momento posterior à compra – através do lixo. Ambas oficinas se propõem à questionar os grandes problemas que o modelo hegemônico traz através do tipo de consumo que propõe. Mas também sempre nos preocupamos em apontar saídas viáveis.

Certamente temos outros temas a desenvolver: a pegada ambiental, um diagnóstico do peso de nossa presença sobre o planeta, foi trabalhado por associados como material didático, a ser aplicada para todos nós. Já foi aplicado a alguns associados, mas agora foi utilizado pela primeira vez num coletivo, pelo núcleo de Campo Grande, com uma repercussão muito interessante. O mesmo núcleo está programando, a partir da pegada, uma oficina de troca de vivencias e realização de compostagem. Niterói, por sua vez, inicia um trabalho de arte-educação com crianças, quando estas vêm as compras, que tem sido muito bem sucedido. Lá estão sendo planejadas oficinas do gosto, horta caseira, e outros. A presença de crianças cresce na Rede e isto é muito importante.

Além das oficinas também estamos desenvolvendo, instigados pelo apoio do projeto Alimentos Saudáveis Mercados Locais, ações relativas ao agroturismo, outra vertente importante para que o consumidor de fato se aproxime do agricultor, e entenda melhor a cadeia envolvida. Descobrimos a importância do facebook para estas ações, o papel do mutirão como um disparador de descobertas e encontros relativos aos produtos da agricultura e aos agricultores. O tira caqui, vivido em 2 idas ao sitio do seu Pedro para colher caquis, foi muito rico neste sentido. Estamos nos preocupando em que o agroturismo deixe de ser um fato eventual e pontual e passe a ficar nas mãos dos produtores e consumidores, interagindo diretamente, a médio prazo. Conseguimos criar uma comissão de agroturismo pela primeira vez, que é pequena por enquanto, mas deverá crescer.

O núcleo de Nova Iguaçu está aí, e já visitamos com pessoas do núcleo uma família da feira da Roça.

Um terceiro elemento é a campanha Xô Saco Plástico!, que se iniciou a partir de 2014 na feira da Freguesia (Campo Grande também está trabalhando este assunto). Surgiu, a partir de se observar a grande quantidade de sacos plásticos que circulam pelas feiras. Esta campanha está ainda maturando, mas foi elaborado um ppt muito bom sobre o assunto. Este ppt e outros elementos serão inseridos em uma oficina Embalagens: reciclagem, reaproveitamento ou redução? Desafios para um consumo mais sustentável, que acontecerá em agosto em Nova Iguaçu. Este assunto também estará presente nas visitas planejadas em agosto com uma caminhada com coleta de lixo no entorno da reserva de Tinguá; e em setembro haverá uma visita ao sitio de Juliana Diniz, agricultora da feira da Freguesia muito preocupada com o reaproveitamento.

Percebendo que oficinas e visitas dão uma boa dupla, acabamos criando no inicio de 2014, o Circuito do Consumo Consciente do Estado do Rio de Janeiro, que exatamente se propõe a fazer uma formação relativa ao consumo consciente, através destes instrumentos.

Importante destacar que desde 2013 a Rede Ecológica oficialmente entrou para trabalhos com feiras: inicialmente com consumidores da feira de Campo Grande, que ficaram incubados através de 2 associações dentro do núcleo Recreio durante 2 anos enquanto Rede Carioca de Agricultura Urbana. Esta incubação acabou não promovendo maior contato dos consumidores com a Rede Ecológica propriamente dita. A partir do final de 2013 foi criado o núcleo de Campo Grande da Rede Ecológica, que trouxe uma maior aproximação do grupo com o funcionamento habitual da Rede. Na feira de Campo Grande há uma barraca da Rede Carioca de Agricultura Urbana, onde acontecem as entregas dos secos, e várias ações são propostas para os consumidores.

A segunda entrada em feira, por parte da Rede Ecológica se deu na Freguesia, onde os agricultores agroecológicos/orgânicos da zona oeste e outros, junto com algumas assessorias (Aspta, Pacs Capina, Fiocruz,Rural), preparavam desde 2012 a criação de uma feira orgânica, promovida pela Rede Carioca de Agricultura Urbana. Aconteceu um convite feito à Rede Ecológica que entrasse na sua comissão gestora, e passasse a organizar um núcleo para a entrega de secos ali, o que aconteceu em inicio de 2014. Foi nesta feira que se observou a intensa utilização de sacos plásticos e se iniciou a campanha Xô Saco Plástico!
Lá está para iniciar uma barraca que será um ponto de encontro para consumidores promovendo a Campanha Xô Saco Plástico! E também a campanha Produtos da gente, promovida pelo projeto Alimentos Saudáveis, mercados locais que reforça a agricultura familiar e urbana. Ali serão tratados outros temas ligados à identidade cultural.

Em junho de 2014 criou-se o núcleo de Nova Iguaçu, que iniciará as compras de secos em agosto. O movimento inicial do núcleo é promover uma maior aproximação com a feira da roça de Nova Iguaçu, fortalecendo o vinculo com seus agricultores. O plano é também que os consumidores do núcleo vão começando a atuar na barraca interativa lá existente.

Esta interação com as feiras promete muito, e tem nos ajudado a pensar formas de combinar a presença de consumidores na feira, integrando aprendizados dos grupos de consumo. Na medida em que as feiras tenham um espaço especifico de e para consumidores, onde as questões relativas ao consumo possam ser tratadas, formando-se grupos integrados aos produtores, em parceria – muitos desdobramentos importantes poderão acontecer. (continua na próxima carta)