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Contribuições de Michael Pollan

Finalmente para reflexão um trecho do livro de Michael Pollan “Em defesa da comida” um manifesto, que é importante que incorporemos:” Comprar num mercado do produtor ou inscrever-se num programa de agricultura sustentável é aderir a uma cadeia alimentar curta, e isso tem várias consequências para sua saúde. Os hortifrutigranjeiros locais são normalmente colhidos maduros e são mais frescos que os do supermercado, por isso devem ser mais gostosos e mais nutritivos. Quanto aos hortifrutigranjeiros orgânicos do supermercado eles também têm probabilidade de vir de longe – das fazendas orgânicas da Carifornia, ou cada vez mais, da China. E embora seja verdade que o rótulo orgânico garanta que não foram empregados pesticidas nem fertilizantes sintéticos na produção daquele alimento, muitas , se não a maioria das pequenas fazendas que fornecem para o mercado do produtor ou numa economia de agricultura sustentável, uma fazenda precisa ser altamente diversificada, e uma fazenda diversificada em geral quase não precisa de pesticidas; são as grandes monoculturas que não podem viver sem eles

Se estiver preocupado com substancias químicas em seus hortifrutigranjeiros, você pode simplesmente perguntar ao fazendeiro (obs. RE: a palavra agricultor talvez fosse mais indicada) no mercado como ele lida com as pragas e a fertilidade e começar o tipo de conversa entre consumidores e produtores, que no fim, é a melhor garantia da qualidade de sua comida . Muitos dos problemas da cadeia alimentar industrial vêm de seu tamanho e de sua complexidade. Uma parede de ignorância intervém entre consumidores e produtores, e essa parede cria um certo descuido em ambos os lados. Os fazendeiros podem perder de vista o fato de estarem cultivando alimentos para pessoas que vão mesmo comê-los e não intermediários, e os consumidores podem facilmente esquecer que cultivar alimentos exige tempo e trabalho duro. Numa cadeia alimentar longa, a história da identidade da comida (quem a cultivou?onde e como foi cultivada?) desaparece na corrente indiferente das mercadorias, de modo que a única informação comunicada entre consumidores e produtores é um preço. Numa cadeia alimentar curta, aquele que vai comer pode tornar conhecidos do fazendeiro seus desejos e suas necessidades, e os fazendeiros podem transmitir a quem vai comer as distinções entre alimentos comuns e extraordinários, e as muitas razões por que os alimentps extraordinários valem o que custam.O alimento recupera sua história e um pouco de sua nobreza quando a pessoa que o cultivou o entrega a você. Portanto, eis uma subdivisão da regra: saia do supermercado : aperte a mão que o alimenta.

Tão logo você faz isso, a transparência se torna mais uma vez uma questão de relações em vez de regulamentação, rotulação ou responsabilidade legal. A segurança alimentar só se tornou um problema nacional depois que a industrialização da cadeia alimentar afrouxou os laços entre os produtores de alimentos e aqueles que os comem. Esta foi a história que Upton Sinclair contou sobre o Truste da Carne em 1906, e é o que acontece hoje na China, onde a rápida industrialização do sistema alimentar estão causando alarmantes colapsos na segurança e na integridade alimentares. A regulamentação é um substituto imperfeito da responsabilidade e da confiança incorporadas num mercado em que os produtores de alimentos olham nos olhos daqueles que os comem e vice-versa. Só quando participamos de uma cadeia alimentar curta somos lembrados semanalmente de que somos de fato parte de uma cadeia alimentar e que, nossa saude, dependemos de sua gente, seus solos e sua integridade – de sua saúde.

Comer é um ato agrícola” disse Wendell Berry. Com isto queremos dizer que não nos limitamos a ser consumidores passivos de alimentos, mas somos co-criadores dos sistemas que nos alimentam. Dependendo de como o gastamos, nosso dinheiro empregado em alimentação pode apoiar a indústria alimentícia dedicada a quantidade, conveniência e “valor” ou pode nutrir uma cadeia alimentar organizada em torno de valores – valores como qualidade e saúde. Sim, comprar dessa maneira custa mais caro e exige mais esforço, mas tão logo você começa a tratar essa despesas não simplesmente como uma compra, mas também como uma espécie de voto – um voto pela saúde no sentido mais amplo – a economia com comida não parece ser a atitude mais inteligente a tomar.”