Dando continuidade ao relato sobre a assembléia, segue o segundo momento de definições:
2. O que é ser Rede Ecológica
Miriam e Júlia tratam dos princípios que definem o que é um núcleo da Rede Ecológica.
Nove pontos de identidades para ser considerado Rede Ecológica. Estes pontos foram aprovados para definir os atuais núcleos da Rede Ecológica, e serão parâmetro para futuros grupos que surjam, que levarão seu tempo para serem considerados Rede Ecológica.
2.1 Acolhida – Comprar apenas não vai resolver, as pessoas tem que entender melhor o processo de compra, e especificamente as propostas da Rede Ecológica.
Acolhida regionalizada mas com conteúdo que seja comum em uma parte, e com o acréscimo de conteúdo específico de cada região e nucleo, para situar. A acolhida centrada em 2 reuniões explicativas (a explicitação dos dois modelos: agronegócio x agroecologia; uma segunda reunião mais especifica sobre a Rede Ecológica) e a participação em um mutirão.
Miriam destacou que no ppt da acolhida deverá se incluir uma parte relativa ao agronegócio orgânico, citando o livro O Dilema do Omnivoro de Michael Pollan, no qual ele analisa este aspecto. No Brasil o agronegócio orgânico está crescendo muito e é importante que o consumidor entenda bem do que se trata para poder fazer escolhas responsáveis.
Denise destaca que um dos objetivos muito importantes da regionalização, é a facilitação de criação de novos grupos de compras coletivas locais. Ficará mais fácil fazer um crescimento sustentável.
Dá como exemplo sua visita com Julia Eleana aos produtores de Cebolas, perto de Paraíba do sul. Esta visita tinha tanto a ver com o interesse pelos produtos/produtores, mas também com a idéia de criação de um grupo de compras ali.
Ao mesmo tempo expressa sua preocupação de como seria feito isto pelas regiões: lhe ficou a impressão de que a Rede certificaria o processo, e acha isto bastante complicado, porque acaba formalizando excessivamente. Os grupos vão precisar de um tempo. Como se poderia verificar que de fato os grupos novos estão seguindo estas diretrizes?
Como resposta, Miriam assinalou que haveria algumas referencias: fazer o Curso de Capacitação (pelo menos uma pessoa do grupo novo fazer) e também a Comissão Gestora que reúne os 12 nucleos manterem a coesão, e assim poderem compartilhar as questões. E estes grupos novos por algum tempo não terem o nome Rede Ecológica.
2. 2 Autogestão : integrar e participar de uma comissão gestora da Rede como um todo
Esta comissão gestora coloca as questões comuns aos núcleos e é um espaço de reflexão sobre o processo. As regiões se verem como participando de algo maior.
2.3 participação : para que a autogestão aconteça, há necessidade de cada integrante participar, na medida de suas possibilidades e talentos,sem delegar a terceiros.
2.4 proximidade dos produtores agroecológicos locais que abastecem a REde. Desenvolver esta relação, o que vai exigir uma atuação mais forte. As atuais comissões de acompanhamento a frescos e secos, acabam tendo uma ação mais pontual. A regionalização vai possibilitar uma proximidade maior de fato de seus produtores locais. Mas isto terá que ser planejado e organizado. A idéia é se abastecer através de produtos de sua região mas também pensando na rede como um todo. Exemplo: Brejal (região serrana) fornece para toda a Rede, e possivelmente continuará por ter produtos difíceis de obter de outras regiões. E também acontece que a Rede quer produtos novos, que poderiam ser conseqüência de produtores locais, que conseguiriam abastecer de modo mais amplo (ex: laticínios).
Silvana relata que há um processo forte de SPG (Sistema Participativo de Garantia da Conformidade Orgânica) em Teresópolis, os produtores agroecológicos lá estão muito bem organizados. Com o aniversário da Abio perceberam o quanto estão fortes. Mesmo assim se ressentem da presença do consumidor. A produção está aumentando bastante. Diz que no verão estão conseguindo manter a produção, o que é algo muito dificil. Propõe que a AAT (Articulação Agroecológica de Teresópolis) seja, no futuro, fornecedora da Rede Ecológica. E ajude a pensar melhor nesta aproximação.
Miriam enfatizou ser muito importante que os núcleos que estão em feiras, tenham um papel muito ativo na gestão das próprias feiras, fazendo parte da mesma, e não como acontece nas feiras convencionais, nas quais os consumidores tem apenas o papel de compra.
2.5 A inserção dos núcleos nos movimentos sociais (em algum movimento social)
2.6. Não à revenda.
Denise diz que sua maior preocupação é como vai se dar o processo. Como o grupo inteiro vai “certificar” que é mesmo REDE ECOLÓGICA. O Raphael pergunta: quem vai fiscalizar? Se preocupa destes novos grupos carregarem o nome.
Lígia afirma que não é preciso fazer um design de um futuro pressuposto. Vamos discutir a materialidade atual. O mais importante é a transparencia, sempre tem um caminhar.
Sílvia sugere que a redação seja: Não à revenda de produtos adquiridos pelo sistema da Rede Ecológica.
Miriam fala da possibilidade de pessoas que queiram fazer a revenda, o façam, separadamente, podendo até o frete ser compartilhado.
Denise e Júlia salientaram que há também o repasse, e que isto seja melhor cuidado. A associação em principio é para uma família, ou no caso de compartilhamento, uma segunda, que deverá participar do mesmo modo que a titular. Não é justo que pessoas que compram o façam para pessoas alheias a Rede.
2.7 Todas as regiões participem das Cartas semanais, dando noticias.
Este é um instrumento construído desde o inicio da Rede, possibilitando resgatar sua história, e isto vai ser muito importante para as regiões.
2.8 reaproveitamento de embalagens, sugerindo soluções locais.
Fica claro que é difícil para os consumidores tratarem bem deste assunto. A tendência é apelar para a reciclagem, deixando de lado o reaproveitamento.
Silvana ressalta que também não é fácil para as produtoras e os produtores. A legislação não permite que as cozinhas certificadas reusem embalagem. O vidro pode…
Lígia diz que a comissão precisa fazer a interlocução com o poder público.
Miriam diz que se precisa reformular a comissão de embalagens, que precisa aprofundar seu trabalho, para de fato resolver as questões.
Annelise relata que entregavam em um projeto local em Jacarepaguá que aceitava praticamente tudo mas atualmente não recebe mais vidros. Reforça então que haja entendimento da atuação pública na coleta seletiva.
David relembra que o plástico está criando volume novamente na Rede. Pior que tudo é a produção do plástico, com sua poluição atmosférica derivada do petróleo usado.
2.9 a necessidade do compromisso com a popularização do consumo responsável.
Promover o acesso às compras coletivas para as classes populares.
3. Agenda de visita às regiões
Como forma de implementar a regionalização e comemorar os 15 anos da Rede Ecológica, Julia e Miriam trouxeram a seguinte proposta:
Organizar visitas a regiões, a partir de abril, uma por mês. Uma região neste momento se mobiliza para ter seus associados e suas associadas presentes , assim como representantes das demais regiões . Seriam assembléias regionais.
A proposta é que seja uma visita de dia inteiro, com alimentação organizada por toda(o)s, Num primeiro momento seria contada a história do nucleo ou dos núcleos que integram a região, algo que seria facilitado pela leitura das cartas semanais sobre os núcleos, que já estão organizadas por temas a partir da colaboração de Juliana Malerba (Santa) e Joice Scavone(Botafogo), com a ajuda fundamental da ex-associada Vanessa Oliveira (Niterói). Quem quiser acessá-las entre em
Cartas em ordem temática: https://goo.gl/DO3wCu
Cartas em ordem cronológica: https://goo.gl/dPSQmI
Além da história, a região mostraria neste encontro, como pensa a estruturação da Rede Ecológica em sua região, que questões vivem em seu território.
A companheira Fernanda lembrou a dificuldade das mães de estarem presentes e propôs a contribuição de associadas no sentido de ficar com as crianças.
Ficou combinada a primeira visita regional a Niterói, para o dia 17 de abril. A Zona Oeste pediu que a visita fosse depois dos Jogos Olímpicos, por tudo o que a região está passando.
Viu-se também a possibilidade da região serrana entrar, apesar de Teresópolis como nucleo estar muito iniciante, mas aproveitar para explicitar melhor a questão de como os produtores se organizam, já que o nucleo até recentemente, era basicamente integrado por produtores. A questão do processo de certificação e de como esta região se organizou, poderia ser uma colaboração importante deste nucleo.
4. Informes:
Lígia fala das acolhidas que acontecerão em 21 e 28 de março no Restaurante Metamorfose entre 18:00 e 20:30.
Enquanto integrante do agroturismo que tem a missão de fazer atividades e visita aos produtores, ela fala que vão lançar um questionário sobre a demanda por agroturismo.
Annelise fala da Feira do Rio da Prata aos domingos com um café com vários
produtos orgânicos
Silvana traz a demanda por ajuda mútua para manejo, colheitas…
Ana Paula traz a preocupação com o aumento do custo de transporte em função da compra regional, e quer saber com quem vai conversar. No caso vai ser Sandra, Paloma e Brígida. Brígida afirma que este custo extra do transporte deve ser custeado pelo dinheiro da associação paga pelos três núcleos.
Míriam e Denise relembram da necessidade de um fundo solidário, que mesmo estando regionalizados, haja uma parcela das arrecadações para um fundo solidário.
Terminamos todos satisfeita(o) s com os avanços conseguidos.