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Relato da 3a. reunião entre Aspta, Capina, Rede Ecológica e Repos

Estamos encaminhando o relato da reunião que aconteceu entre Capina, Rede Brasileira de Engenharia Popular e Rede Ecológica:

Reunião entre Capina, Rede Ecológica e Rede de Engenharia Popular

Data 30/03/2016

Relato coletivo: Estávamos Terezinha Pimenta (Capina), Fernanda Araujo (Rede Brasileira de Engenharia Popular), Brigida Ruchleimer (Rede Ecológica Humaitá) e Miriam Langenbach (Urca).

Primeiramente falamos da Rede Ecológica, dos 15 anos que se completam neste momento, cuja regionalização pode significar uma ampliação paulatina e orgânica da proposta de compras coletivas pelo Estado do Rio de Janeiro. Vimos, inclusive na reunião que tivemos com a AS-PTA, o desafio e a necessidade de aprofundamento e melhoria de nossa interação com os produtores, especialmente os de frescos, que acabam tendo um acompanhamento relativamente pontual e superficial.

A regionalização pode possibilitar uma aproximação mais efetiva entre consumidores e produtores, a partir de maior facilidade geográfica. Daí nosso interesse em desenvolver parcerias mais próximas.

A idéia da parceria é promover uma reflexão conjunta, que tenha repercussões práticas, que possam estar se traduzindo em algum projeto. No caso até, possivelmente um projeto pequeno inicial, que as 3 instituições poderiam tentar conseguir apoio através de “crowdfunding”. A Rede tem um pequeno fundo que pode também ser pensado.

Brigida está a frente da estruturação de um fundo rotativo (em breve deverá estar sendo criada uma comissão com este objetivo), que seria uma ampliação dos empréstimos que tem sido feitos informalmente junto a produtores e motoristas, por parte de nossos consumidores. Isto tem dado com bons resultados.

Outra idéia tem a ver com a capacitação de consumidores para se situarem melhor em relação a agricultura agroecológica, ajudando a promover processos de transição acompanhados de perto, assim como produtores já certificados. Esta sistematização, na qual a AS-PTA tem uma contribuição importante, poderia também repercutir no próprio Curso de Capacitação, quando ele for oferecido.

Brigida citou a cartilha da AS-PTA que em forma de cordel explica muito bem so que é e como formar um fundo solidário.

Volta-se a falar da necessidade de um CNPJ, e a questão da associação dos amigos da Rede surge como uma possibilidade, que teria que ser melhor estudada. Há contadores que tem esta perspectiva mais inovadora, vai ser o caso de consultá-los.

Falamos do motorista Antunes, e de suas variadas pesquisas para criar instrumentos e tecnologias para produtores.

Fernanda apresentou a Rede de Engenharia Popular, que surgiu a partir dos

Encontros Nacionais de Engenharia e Desenvolvimento Social (ENEDS).

O ponto de partida é o desejo das áreas exatas irem estabelecendo diálogo com os movimentos sociais.

Foram organizados encontros no RJ, na USP, Unicamp, UFVJM, UFOP, Natal, Pará Salvador, totalizando 12 encontros nacionais e quase 20 regionais. No ultimo ano 1000 estudantes foram acompanhando estes encontros na Bahia.

Atualmente há encontros regionais (5) e um nacional, que vai ser em Florianópolis

Nesta rede estão envolvidos estudantes de graduação e pós, grupos de extensão e pesquisa de algumas universidades, além de profissionais já formados que atuam de diferentes formas no mercado ou no setor público.

O objetivo da Rede é a articulação de engenheirxs para atender as demandas tecnológicas dos movimentos sociais. Mas como a Rede é muito recente essas demandas ainda estão começando a chegar, bem devagar e ainda não sabemos muito bem como elas poderão ser atendidas.

A principio imaginamos que as demandas podem ser atendidas por projetos de extensão e pesquisa vinculados aos grupos universitários que fazem parte da rede. Mas é possível ainda que demandas mais pontuais sejam resolvidas pela atuação voluntária de alguns membros.

Majoritariamente são engenheiros de produção, seguidos pela elétrica, eletrônica/ computação e mecânica .

Fernanda é professora na graduação de engenharia de produção do CEFET de Nova Iguaçu e, em parceria com o SOLTEC/UFRJ, tem uma aproximação com os produtores do MST do Assentamento da Terra Prometida.

A parceria se iniciou a partir de uma demanda para ajudar na elaboração de um projeto para o edital “Terra Forte” (MDA). O projeto foi concluído e encaminhado, mas até agora não houve transferência de recursos.

Desde 2014 um grupo de estudantes (de graduação e pós) e professores do CEFET e do SOLTEC, está atuando na COOPATERRA. Fizeram um diagnóstico dos principais problemas da cooperativa e realizaram um curso extensão sobre Planejamento e Controle da Produção (PCP) e gestão financeira no fim do ano passado. Esse ano, eles estão ajudando o movimento na organização de atividades na UFRJ e no CEFET vinculadas a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária. A Jornada é realizada todo ano no mês de abril em memória ao Massacre de Carajás.

Após essa atividade vão começar o planejamento das atividades de assessoria a cooperativa que serão desenvolvidas ao longo do ano.

Lembrando que a COOPATERRA envolve produtores do assentamento Terra Prometida, de Tinguá, do assentamento Roseli Nunes e Terra da Paz, de Piraí e de Barra do Piraí (Assentamento Vida Nova e Valença (acampamento Mariana Crioula).

A assessoria deve ser no sentido de avançar no processo de industrialização para o beneficiamento do aipim – pois essa é a demanda que o movimento tem colocado para o grupo de pesquisadores – extensionistas.

Debatemos sobre a questão da embalagem do aipim. Fernanda sabe que a cooperativa recentemente comprou uma seladora para fazer essa embalagem, mas não sabe o quanto isso já foi objeto de debate entre os pesquisadores e a cooperativa. Vale conferir. Esse parece ser um debate bem interessante, pois explicita uma contradição vivida pelos produtores que pretendem trabalhar no sentido da construção de “um outro mundo”, onde os valores da vida e do trabalho sejam centrais. Afinal, é preciso produzir e vender para o mercado tal como ele é hoje, e ao mesmo tempo fomentar a criação de mercados mais solidários e sustentáveis.

Terezinha falou da Capina, dando mais informações sobre o momento atual:

Fala da Rede de Assistência Técnica Agroecológica criada em 2015, e que representa um atendimento diferenciado aos agricultores. A Generosa, que participa da Cedro, associação de agrônomos que trabalha com assistência técnica, tem a presidência atualmente da Capina.

A Capina está se reestruturando e deve pautar a discussão de uma Assistência Técnica mais integral, onde as diversas dimensões da produção agrícola possam ser pensadas e operadas, em aliança à outras organizações participantes da Rede de ATER/RJ. .

O ano é importante porque está para acontecer a II Conferencia Nacional de Assistência Técnica, em maio. A conferência estadual acontecerá em 14 e 15 de abril em Mendes.

A Capina, como as demais ONGs, está vivendo o refluxo do financiamento pela cooperação internacional, em função de outras prioridades, considerando que o país está resolvendo suas questões mais graves. Isto complica muito de manter o modelo de funcionamento existente até então. A Capina está nos tramites finais de negociação de um projeto com uma entidade alemã – Pão para o mundo , que deverá durar 3 anos.

Nele o foco está sendo nas mulheres e nos jovens. Este projeto apesar de ser reduzido, proporcionará condições para diversificar ações por parte da Capina, para o futuro.

A Capina se caracteriza pela formação em gestão democrática e viabilidade econômica para grupos da economia dos Setores Populares e tem a formulação de projetos e a venda de serviços como algumas das estratégias para sua sustentabilidade. . .

Uma avaliação nos últimos anos é que em função das dificuldades de financiamento, , assumiram muitas tarefas vinculadas à venda de serviços, o que reduziu sua capacidade de pensar sobre o próprio trabalho, afetando aspectos mais qualitativos da formação.

A participação na Rede de ATER/RJ está sendo visto como um caminho importante, com o qual a Capina está se envolvendo.

Vimos a necessidade de integrar estas conversas entre AS-PTA, Capina, Rede de Engenheiros Populares e Rede Ecológica em uma reunião em 15dias, que começará a juntar mais as coisas. Foi pedida a presença de Tânia Franco, acompanhante do assentamento Terra prometida, para estar presente nestes encontros.

A Rede Ecológica também trouxe sua preocupação com Nova Iguaçu, onde há um núcleo, e um potencial de produtores agroecológicos, já que lá se situa inclusive a Escolinha de Agroecologia.

Vimos que seria interessante, ao pensarmos em um pequeno projeto com agricultores, darmos atenção a Coopaterra, já que as duas Redes tem um trabalho desenvolvido junto ao assentamento Terra Prometida.

Ressaltamos a importância, em especial para os nossos produtores, do trabalho desenvolvido pelo Claudemar na AS-PTA sobre Avaliação dos impactos econômicos e ecológicos da agroecologia através da análise de agroecossistemas.