Aí vai o relato realizado por Miriam Langenbach (Urca):
1ª. Assembléia Regional com o núcleo Niterói
Relato de Miriam Langenbach
Éramos: Andrea Gomes,Paulo Roberto Jansen (Botafogo), Brigida Ruchleimer (Humaitá) , Lélia Silva (Campo Grande), Cristian Athayde, Eduardo Vieira, Elaine Aderne, Renato, Juliana, Marcelo, Rosângela Laranja, Kátia e Ambrosina (Nova Iguaçu), Julia Stadler, Julie Terzian, Paloma Medina, Sandra Kokudai (Santa), Miriam Langenbach e Ricardo Polsler (Urca). O total foi de 19 pessoas.
O acolhimento foi ótimo: Foi na casa de Juliana e Marcelo, fomos logo olhando o jardinzinho com algumas ervas e plantas, e as trocas se deram com afeto.
Iniciamos colocando alguns informes:
Kátia trouxe o inicio de uma nova feira em Nova Iguaçu, coordenada pela feira da roça, representando um fortalecimento deste grupo. Muitas pessoas do núcleo compram seus frescos na feira.
Brigida apresentou o Fundo Rotativo, dentro do contexto de uma parceria que está se iniciando com a Aspta, Capina e Repos, que terá um papel muito importante no processo de regionalização, representa seu futuro.
Houve a apresentação do núcleo Niterói, que se iniciou em 2009, a partir da necessidade de Rosangela de se alimentar sem agrotóxicos, em função de uma alergia que afeta sua voz. Conhecendo a filosofia da proposta, se apaixonou. Iniciaram, um grupo de 7 pessoas, com a compra mensal. Passaram para quinzenal, e em 2014 se tornaram semanais.
Era um núcleo bem grande, mas ultimamente teve uma redução de pessoas, de 30 passaram a 20. Viu-se o porque das saídas, e ficou claro que havia problemas de disponibilidade de tempo aos sábados. Ficou sugerida a possibilidade de caronas solidárias, e de aliviar a obrigação de participação na entrega a um mínimo, ou abonar, em certas situações.
Em relação ao espaço onde funcionam, foi relatada uma desavença de Rosangela com a então diretora, que levou o grupo a se mudar para o Ponto Org, um espaço de orgânicos que lhe deu acolhida. A partir da mudança de direção, voltaram. É um núcleo que trabalhou bastante sua relação com a escola, havendo um compromisso de contrapartida, tipo uma palestra que foi dada. Atualmente pensam em cuidar dos jardins da escola, com mudas. A suspensão do envio de mudas da D. Dalila, que pensavam utilizar, está sendo um problema. A escola estabeleceu uma parceria com o SESC , que reurbanizou o jardim com plantas ornamentais, só sobrando um pequeno espaço no qual querem atuar. Pensam em fazer uma horta suspensa. Ainda há obstáculos, porque se precisa que um professor da escola assuma o acompanhamento desta ação com os alunos. Não fazem compostagem lá.
Andrea sinalizou que existe um programa Saúde nas Escolas, que apóia implantação de hortas alimentares, medicinais. Ela ficou de levantar esta possiblidade também para Nova Iguaçu.
Atualmente pensam em trabalhar com a escola um auxilio para o acesso a merenda escolar, solicitada pela direção . Mas isto exige um maior contato com
produtores da região.
Pessoas do núcleo Niterói trabalham junto a uma escola ocupada.
Ficou claro que nos núcleos da zona sul que estão em escolas, não foi desenvolvido nenhum trabalho com as escolas que cedem o espaço.
Outro aspecto do perfil de Niterói, é a atenção dada ás crianças, o que também não acontece nos outros grupos. Assim várias oficinas e atividades são feitas junto às mesmas.
Vimos a questão do reaproveitamento de embalagens, tendo sido enfatizado que há um ponto de coleta no Aurelino, mas a impressão que dá é que acaba misturada. Rosangela citou a coleta do Alcina Fonseca, que manda para uma cooperativa de Jurujuba. Eles apenas encaminham ao mutirão da Rede os vasilhames da família Freitas.
Um destaque vivido desde 2015 são os quintais produtivos, em numero de 6, integrados por associados, ex-associados e pessoas de fora. Este é seu ponto de partida para a regionalização. Tiveram um pique, tendo vários produtos, depois com o calor deste período, houve uma redução, com 2 mutirões cancelados.
Este caminho surgiu a partir da percepção de que vários tinham quintais não produtivos, e pensaram que os mutirões poderia ser uma boa forma de troca, envolvendo maior interação no grupo. Entre os consumidores , há trocas, doações, ou cobrança a partir de uma tabela de custos, um preço simbólico.
Os quintais de familiares também tem sido foco, assim tem colhido ali frutas, e vimos que seria interessante de trabalhar este tema melhor, para talvez também poder atender a Rede mais amplamente. Estas colheitas são combinadas com um almoço coletivo.
As pancs (plantas alimentícias não convencionais) têm sido uma descoberta importante, das quais estão se alimentando. Descobrindo que os jardins estão cheios de flores comestíveis.
Esta iniciativa facilitará muito uma proposta de mapeamento da agricultura urbana em Niterói, se contactando com o Consea Local, passando a ser um movimento social.
Foi trazida uma certa preocupação com a regionalização, no sentido de haver pressa. Ficou claro que é um processo complexo, que vai exigir mudanças e adaptações, que se iniciou subitamente, a partir da dificuldade com o espaço do mutirão. A rigor, a proposta da regionalização existe desde 2014.
A idéia é que cada região o faça no seu ritmo, possível para o grupo. Acham que não tem produtores perto, e levantar estes produtores exige um tempo. Chamou-se a atenção de que tem produtores próximos, sim, alguns poucos em São Gonçalo, Itaboraí, Silva Jardim, Casimiro de Abreu,etc. Estão numa das regiões mais férteis do Estado. A ida ao assentamento Sebastião Lan pode ser uma ponte para construir esta busca de modo mais sistemático e completo.
Enfatizaram a importância do curso de formação, para que eventualmente novos grupos possam ser formados.
Ter havido um inicio concreto do processo, foi visto como positivo por Julia, se bem que tenha dado um susto. É bom, no sentido de estimular que a ação se inicie, em busca de novos produtores, se organizando internamente para maior autonomia.
A região central vai também ter que se reorganizar porque vai perder muitos consumidores, e isto afetará seus produtores, mas o ritmo não vai ser rápido.
Importância da gestão fica mais forte na regionalização: então se ficar atento a vários perfis, a vários talentos que deverão entrar em ação.
Discutiu-se um pouco a definição da Rede como movimento social, Rosangela enfatizando se tratar de um movimento sócio educativo. Esta é uma questão que precisa ser aprofundada.
O processo de regionalização deixa muito claro, conforme enfatizou Elaine, que está em jogo para a proposta da Rede, mudanças culturais, e neste sentido há um processo de transição.
Foi trazido por Paloma, com o exemplo de Santa, que há um trabalho com as pessoas, que se falam constantemente, trocam, levando a pessoas mais afastadas a se contagiar.
Em realidade estas idas as regiões representam um baita processo de auto-análise.
Kátia traz sua chegada ao núcleo de Nova Iguaçu e como a entrega é algo gostoso, acolhedor. Ela já envolvida com uma alimentação vegetariana via como natural participar no processo mas para muitos não é assim.
Foi muito colocada a necessidade de participação de associados da região para as temáticas das finanças, logística e comissão gestora, tanto como forma de aprender questões para ir aplicando na sua região, como dando apoio a estas comissões.
Sandra detalhou questões relacionadas ás finanças, e como dinheiro se perde com facilidade, na medida que os nós da rede se rompem. Esta constante atenção de um coletivo é necessária para que as coisas andem bem.
A tendência de Niterói é iniciar a regionalização pelos frescos, através dos quintais e sítios dos associados, e ir desenvolvendo nas áreas circundantes. Mas viu-se que os secos, com um pouco de organização podem ser pedidos para ser estocados, viabilizando o pedido mínimo.
Julia destacou a importância de que a regionalização continue no espírito da Rede, priorizando agricultores familiares e assentamentos. E a questão da proximidade, quanto mais local, melhor. Tudo gira em torno da participação. Estar em reuniões, é participação, é trabalho. Importante fazer o processo de modo sustentável. E perceber que a participação pode ser algo gostoso.
Importante os caminhos mais sensatos e adequados à cada região, com os perfil e desafios específicos para pensar as soluções. desde que os quesitos aprovados na assembléia anterior sejam mantidos.
Foi trazida por Julia a possibilidade de criar canais de comunicação direta entre as diversas comissões nas regiões. Viu-se a necessidade da comissão de acompanhamento a produtores, especialmente de frescos, ter integrantes das várias regiões, não só para absorver seu funcionamento, mas para integrar as regiões. As comissões são fonte de muita troca. Por exemplo, os coordenadores de frescos de cada região podem trocar informações constantemente e assim socializar as informações na Rede toda.
Miriam trouxe o passado, como o processo se iniciou de modo peculiar (ver o texto no site Sebastião se reúne a Sebastiana), tendo como primeira preocupação viabilizar a adesão às compras coletivas. Depois da Urca, Santa se iniciando a partir da Flavia , na época realizando uma tese de mestrado sobre o tema consumo, e altamente motivada. Na Tijuca, o papel d Idenir, na época integrante do grupo Arteiras, apoiada pelo Ibase, de viabilizar o nucleo. Apenas a partir de 2009, com a chegada de muitos jovens, que entenderam a proposta, a Rede foi ganhando uma força de movimento social. Ficou evidente a evolução em quantidade e qualidade que a Rede experimentou nestes quase 15 anos e que devemos lembrar sempre que começamos com um núcleo com poucos produtos. Foi lembrado também que o nosso leque de abastecimento é muito elevado em comparação com outros grupos de consumo. Isso é para não enfrentar o processo com medo, e sim enxerga-lo como uma oportunidade.
Vimos ainda a questão de uma definição mais clara para a associação de grupos (de produtores ou consumidores):
Viu-se a necessidade de um limite, girando ao redor de 7 pessoas
Neste grupo, a metade deverá ter participação na vida da Rede, através das comissões.
Cada membro ir uma vez ao ano ao mutirão.
Isto não valeria para grupo de produtores rurais, que estão distantes. Mas pensou-se em convidá-los para participarem em visitas a novos produtores, trazendo sua bagagem, se isto lhes for possível.
Pensou-se para grupos populares, se criar uma bolsa associação.
Foi trazido um pré-vestibular social, em que os integrantes não tem condição de arcar com a associação, se não haveria a possibilidade de uma bolsa individual.
Finalizamos definindo a nova data 22/5 e o local será Nova Iguaçu, no Cenfor.
Ficamos todos muito satisfeita(o)s com o processo, e não podemos deixar de destacar o almoço maravilhoso, contribuição de toda(o)s. Estão ficando famosos estes momentos!
Historicamente, é importante destacar que aconteceu no dia da votação em relação a abertura do impeachment na Câmara, finalizada a noite. Esta reunião foi um contraponto e indicador de caminhos, neste dramático momento brasileiro.