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Relato da reunião da CG em Vargem Grande (Continuação)

(continuação do relato sobre a reunião da comissão gestora focalizando Campo Grande e /vargem Grande)

O núcleo fez uma nova acolhida, de 2 encontros conforme o habitual. Só que já no primeiro encontro também se falou do funcionamento concreto da Rede, tipo entregas, mutirão (além dos sistemas em disputa – agronegócio e agroecologia). Depois das 2 apresentações deram um tempo para as pessoas se definirem, tipo um mês. Neste intervalo as pessoas foram recebendo em pílulas, informações relevantes sobre a Rede e seu funcionamento. Criaram um grupo temporário no whats para envio dos materiais, como textos do site da RE:

Pq fazer compras coletivas?/ funcionamento do mutirão/ termo de compromisso (que assinarão na reunião do núcleo na primeira entrega)/ comissões e formas de funcionamento + importância da participação de cada uma para a rede e o núcleo…

Neste período de acolhida, os novos também foram convidados para participar da reunião do núcleo e entrega de secos, como forma de conhecer e entender. Na reunião subsequente do núcleo, os novos se definiram.

Dessa vez, a forma de divulgação para novos também aconteceu através do Facebook da feira. Anteriormente era somente através dos convites feitos na feira, que Irma ou outro anotava no caderno de interessados.

Também sobre a acolhida, Lucimar de São João de Meriti pediu para que as reuniões de acolhida do Núcleo São João tivessem a participação de cestantes de outros núcleos, fazendo relatos de suas experiências na Rede.

Silvia, Ana Paula, Berna e Miriam lembraram a história comum dos dois núcleos e que estes foram criados a partir da Rede Carioca Agricultura Urbana e, portanto, com motivações de luta pela agricultura na zona oeste e na cidade do Rio de Janeiro. Neste sentido, o caminho para o consumo consciente de alimentos limpos foi uma consequência deste processo e não o ponto de partida. Silvia também lembra que uma das questões fundamentais para a criação dos núcleos era a constatação de que os agricultores plantam, mas não consomem. A favela também não consome alimentos limpos e um movimento de agricultura na cidade não pode sobreviver sem que as pessoas consumam o que plantam. Silvia lembra também da entrada do Verdejar na Rede como um marco no consumo de alimentos limpos pela Serra da Misericórdia.

Comemora a presença da Lucimar no Núcleo e a iniciativa de criação de mais um núcleo na Baixada e conclui: “não queremos fornecer alimentos orgânicos para uma elite”, estamos aqui discutindo questões amplas da agroecologia.

Por conta da agenda exaustiva de fóruns participativos, conselhos e questões que demandam uma dedicação grande dos cestantes também envolvidos na Rede CAU e na Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro, foi enfatizada a necessidade de que os demais cestantes se empenhassem mais no voluntariado da Rede, não apenas nas tarefas do Núcleo, mas em tarefas da Rede para além do Núcleo, tais como o mutirão, o acompanhamento dos produtores e ações nas áreas de movimentos sociais/ comunicação/educação.

Berna lembra que a Rede CAU atua em muitas redes, já avançou em muitas políticas, mas ao mesmo tempo, é preciso formar novas pessoas. Além disso, os agricultores têm muita dificuldade de entender a proposta da Rede Ecológica, é preciso se dedicar sobre esta questão e aproximá-los.

Sobre os agricultores, Berna reforça a necessidade do acompanhamento e conclui: “o empoderamento dos agricultores não quer dizer que eles estão prontos não”.

Outro aspecto de Campo Grande foi trazido por Bernadete, retratando as lutas em curso na cidade: os agricultores da zona oeste tem um Sistema Participativo de Garantia para a conformidade orgânica (SPG/ABIO) especifico, mas este está enfraquecido, na medida em que o técnico, que era bancado pela AS-PTA, não pôde continuar. Há um agrônomo que acompanha ainda, mas que por um acúmulo de atividades, não tem conseguido que o grupo cumpra as necessárias burocracias para integrar um Grupo de SPG. O grupo de agricultores está em crise, está envelhecido, enfraquecido. Os jovens, os filhos, não estão entrando neste caminho, pelas dificuldades e uma dinâmica pesada que não atrai os jovens e adolescentes.

Sobre esta temática, Berna faz um relato das dificuldades de acompanhamento pela Rede CAU dos agricultores nas feiras, no sistema participativo de garantia, no acesso às sementes e faz as seguintes propostas para a Rede:

– solicitação à Rede Ecológica de apoio financeiro para pagar uma consulta técnica para os agricultores, a ser realizada por este técnico antigo que pudesse garantir o funcionamento do SPG da Rede CAU/ABIO. É muito importante esse apoio pois os agricultores(as) da cidade do Rio de Janeiro, não contam com assessoria técnica pública (EMATER), e o apoio vem da AS-PTA, que muitas vezes, está sobrecarregada, não dando conta de todas as ações que a dinâmica do SPG/ABIO necessita. Isto ficou de ser mais discutido com a equipe do Programa Campo e Cidade na Baixada.

– a participação da Rede Ecológica, junto a AS-PTA, na formalização e implementação da Campanha Produtos da Gente, no fortalecimento de um selo para os produtos da agricultura do Rio de Janeiro, garantindo relações de confiança entre consumidores e produtores sobre os produtos e alimentos, simplificando e dando o sentido agroecológico ao processo de certificação.

As lutas para que os agricultores tenham acesso à comercialização resultaram na conquista de mercados (feiras, mercados institucionais, barracas coletivas), mas agora os agricultores, sem apoio para as atividades de SPG, assistência técnica e cumprimento de burocracias e formalizações, não estão dando conta e não estão tendo a prontidão necessária na competitiva dinâmica de acesso a mercados agroecológicos e orgânicos. Na medida em que não há a assessoria do “Circuito de Comercialização” abre-se uma brecha para o desanimo e deficiências. A Rede CAU, está envolvida na articulação, mobilização e representação em 10 frentes de comercialização: Feiras agroecológicas e da roça/barracas coletivas, fazendo a Gestão no Circuito Carioca de Feiras Orgânicas (feira da Freguesia e Olaria), ocupando junto com a comercialização espaços de luta por educação e saúde com as feiras da UERJ, UFRJ, FIOCRUZ (Manguinhos e Mata Atlântica), e também no Ministério da Saúde. Para este trabalho ligado à comercialização também faz-se necessário um acompanhamento e apoio aos agricultores(as) envolvidos.

Além disso, estamos atuando em frentes de controle social e de movimentos sociais que traduzem nossos posicionamentos e demarcam nossas lutas por Soberania alimentar, permanência em nossos territórios tradicionais (direitos territoriais), direitos das mulheres, economias justas enfim, desta forma temos assentos em Conselhos de Direitos (CONSEA, Mosaico Carioca, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável) e fóruns diversos (AU/Crise hídrica/Planejamento Urbano, Mudanças Climáticas, Juventude Viva).

Nossas lutas no Movimento Agroecológico têm no campo da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ), nossas formações e alinhamentos necessários para condução de nossas lutas de ter agricultura nessa cidade.

Vargem Grande também foi apresentando suas questões:

A organização de uma Escolinha de agroecologia em Vargem Grande e na zona oeste é uma demanda antiga. Surge do movimento, mas também como demanda do Colégio Estadual Professor Teófilo Moreira da Costa, a partir do momento em que se aliou à luta pela compra da produção agrícola local para a alimentação escolar. Note-se que desde o primeiro momento a Rede Ecológica e Rede CAU estiveram nesta luta por fazer a cidade se adequar ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Com tantas frentes de luta e de trabalho não conseguimos dar conta da formação para sucessão geracional da agricultura.

Ano passado chegamos a um impasse aqui em Vargem Grande com famílias querendo desistir da venda direta por falta de apoio eficaz na agricultura e por falta de transporte local para sua produção. Quem foi ao Tira Caqui sabe o quanto é alta a produção de banana e caqui. Alguns se descolam desde 600 ou 700 m acima do nível do mar. É penoso e caro, pois já não se encontram pessoas que podem manejar o transporte por animais. Os burros que ainda hoje estão usados exigem um trabalho de difícil reprodução cultural.

Duas metas saíram das conversas pelo 10º aniversário da Associação de Agricultores de Vargem Grande, a Agrovargem: a compra de um trator entre 80 e 120 HP e a organização de cursos para formação de jovens para a sucessão geracional agrícola. Neste primeiro semestre de 2018, com o financiamento da FASE, tivermos um trimestre de sensibilização da juventude local. Foi muito eficiente.

Para o segundo semestre propomos uma nova ação com um modelo de Escolinha de Agroecologia que seja também um curso técnico experimental de manejo agroflorestal. Esta proposta está sendo dialogada com a juventude que participou da fase de sensibilização e aproveitamos este texto para solicitar a aprovação das parcerias além da Rede Ecológica. Propomos um encontro de planejamento participativo para o mês de agosto.

Terminamos recentemente a parte mais exigente do Projeto Convergências (projeto realizado com o apoio da Fase). Agora, com o aval das redes Ecológica e Carioca de Agricultura Urbana, precisamos agendar uma reunião de planejamento participativo e buscar apoio financeiro.

Outra questão é que a Agrovargem precisa se requalificar diante da receita federal e necessita encaminhar a questão do transporte para a produção agrícola antes da implantação da escolinha. Está sendo passada uma rifa como primeira etapa de financiamento. Será seguida de uma vaquinha virtual (crowdfunding) e a captação de recursos por projetos.

Como já descrito acima, estamos lançando a RIFA de uma BICICLETA cujo sorteio será no dia 8 de julho ao meio dia na Feira da Roça – Agroecologia e Cultura em Vargem Grande. A meta a ser arrecadada é de R$ 1800,00, o que inclui o valor da bicicleta já adquirida.

Parte deste valor será para qualificar a vida jurídica da Agrovargem. Esta é uma parte necessária para fazer da associação uma entidade capaz de captar recursos nacionais ou internacionais. Os recursos da rifa não cobrirão 100% destas despesas, mas irão colaborar muito. Necessitamos também de um complemento às despesas com o transporte das barracas da feira que vem semanalmente da Freguesia. Outra parte será para organizar o evento de culminância da juventude junto à Feira da Roça e contribuir para o transporte de mulheres e jovens neste e em outros eventos.

· Registro da Ata de eleição da nova diretoria: R$ 425,11

· Registro da mudança de Estatuto: R$ 425,11 (aproximadamente)

· Apoio a transporte e mobilização: R$ 68,00

· Contratação de som para evento 8/7: R$ 250,00

· Apoio à Feira da Roça – complementação das despesas com as barracas: R$ 500,00

· Taxas bancárias por 3 meses: 126,00

*A comunicação comunitária demanda tempo e recursos com transporte.

A finalização será encaminhada na próxima semana