Blog

Relato da participação da Rede na celebração do 1º aniversário do Espaço de Comercialização Terra Crioula

Bibi Cintrão (Santa) apresentou o relato – Participação da Rede Ecológica na Celebração de 1 ano do Espaço de Comercialização Terra Crioula, coordenado pelo MST/RJ, na Lapa, nos dias 28, 29 e 30 de Agosto.

A Rede Ecológica participou em todo evento do Aniversário da Terra Crioula.

Erika Molina e Acofá participaram como produtores (vendendo os pães artesanais). Fizeram e levaram um banner da Rede Ecológica e folhetinhos para divulgação. Coletaram também assinaturas para a Campanha Chega de Agrotóxicos.

Vários cestantes apareceram para prestigiar o evento.

E no dia 30/08, a Rede Ecológica compartilhou a experiência na Roda de Conversa “Unindo Campo e Cidade: Como construir espaços de comercialização popular?”

Foi um momento importante onde pela primeira vez as diferentes experiências de compras coletivas no campo popular se reuniram para um intercâmbio. Estavam o Raízes do Brasil (coordenado pelo MPA); as experiências acompanhadas e articuladas pela Rede Carioca de Agricultura Urbana – REDECAU; o Armazém do Campo (do MST Nacional), e o Terra Crioula (MST-RJ).

A Rede Ecológica foi a primeira a falar. Estavam Bibi, Ruth e Erika. Para a exposição utilizamos o banner feito por Erika, contando o que é a Rede, como se organiza, como são as compras, a participação, a importância de ter consumidores conscientes e organizados, a prioridade a produtores assentados e com maior dificuldade de acesso aos mercados, a não exigência de certificação oficial (visitas e construção de relação de confiança). A Rede enquanto movimento social e as atividades para além das compras (participação no CONSEA, na Campanha contra os agrotóxicos, a campanha Xô Saco Plástico, etc.). O Programa Campo e Cidade se dando as mãos e os desafios da criação de grupos populares e também os desafios da logística e dos transportes.

A experiência do MPA-Movimento de Pequenos Agricultores foi exposta por Leandro. O MPA está presente no estado do Rio desde 2013, na região de Campos. Atualmente está presente em vários municípios, também na região Serrana e na Baixada Fluminense. Uma de suas pautas é a produção de alimentos saudáveis e a organização de feiras do MPA começou em 2014, com uma feira na UFRJ da Praia Vermelha, em parceria com o curso de Serviço Social. Mais recentemente organizaram as “Cestas Camponesas”, com pedidos feitos pela internet e entregues em pontos no Rio. Atualmente participam em 7 feiras no Rio de Janeiro (Lauro Muller, Laranjeiras, Fiocruz, Raízes do Brasil-Santa Teresa, Duque de Caxias, Unirio-Nutrição, UFRJ). No ano passado inauguraram o espaço Raízes do Brasil, em Santa Teresa, onde funciona uma lojinha, o Café Camponês (aos Sábados) entregam cestas e no espaço organizam e recebem eventos de parceiros. O espaço foi uma conquista e o apoio do Sindicado dos Petroleiros foi importante. A Cesta Camponesa tem atualmente 10 núcleos na zona sul do Rio, com cerca de 800 pessoas cadastradas (mas nem todas pedem semanalmente). Começaram com 600 cestas por ano e este ano aumentou duzentos por cento. Nas cestas as pessoas podem escolher os produtos, que são entregues em espaços públicos e são momentos importantes de trocas entre as pessoas. O pedido mínimo tem que ser de R$ 60,00. Além dos produtos do Rio, trazem produtos não perecíveis de 10 estados. O MPA está presente em diferentes regiões do Brasil e envolve atualmente cerca de 6 mil famílias.

As experiências da Rede Carioca de Agricultura Urbana – REDECAU foram relatadas por Bernadete e Ana Santos. Elas falaram das lutas pelo reconhecimento da agricultura urbana no município do Rio de Janeiro, invisibilizada pelo poder público e ameaçada de todos os lados pela especulação imobiliária, pelas milícias, pelos parques que não reconhecem que as populações que ali vivem ajudaram a preservar as áreas verdes. Contaram das lutas dos agricultores para conseguir as DAPs – documento que reconhece os agricultores familiares para que possam ter acesso às políticas públicas, inclusive para venda à merenda escolar. O Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Município tem sido um espaço importante para este reconhecimento. Hoje as experiências da Rede CAU vendem para 3 escolas estaduais. As feiras do produtor foram outra conquista importante, porque são espaços de encontro e interação com os consumidores, que dão visibilidade à agricultura urbana.

A experiência do Movimento dos Sem Terra Nacional foi exposta por Carla, do setor de Produção e do escritório nacional de comercialização do MST, que fica em São Paulo. A comercialização sempre foi um problema para os assentados. Em 2010 o Movimento começou a pensar a produção, não apenas do ponto de vista econômico, mas em 5 frentes: Agroecologia, Formação Técnica (Produção, Comercialização, Administração), Infraestrutura, Cooperação/ Intercooperação, Agroindústria e processamento; Comercialização. Na comercialização, deram alguns passos ainda pequenos, mas importantes, em cinco frentes: Compras públicas (com entregas em vários estados); Mercados convencionais; Exportações (para a Venezuela, como cooperação); Feiras da Reforma Agrária. O MST tem 159 cooperativas, que querem acessar os mercados convencionais, em 6 cadeias produtivas: arroz, café, sucos, sementes, feijão. As Feiras têm sido bem importantes, realizaram Feiras Estaduais em todos os estados. A 1a Feira Nacional da Reforma Agrária foi em São Paulo, em 2015 e foi muito além das expectativas. E as pessoas começaram a perguntar: e depois da feira, onde posso comprar? Daí veio a proposta dos Armazéns do Campo. Hoje têm 3 armazéns: São Paulo (2 anos), Belo Horizonte e Rio Grande do Sul. Feira teve 1600 itens. No armazém tem 80, em parte por limitações jurídicas, em parte por serem produtos perecíveis. Em 15/set vão inaugurar o Armazém da Terra no Rio de Janeiro, na Lapa. Desafios: como gerenciar os custos, certificação, vendas pela internet.

A experiência do Terra Crioula, do MST do Rio de Janeiro, foi exposta por Ruth. Eles articulam as Cestas da Reforma Agrária com uma feira quinzenal, terça e quarta-feira, num espaço na Lapa, cedido pelo vereador Renato Cinco. Os pedidos das cestas são mandados por Excel e correspondem à sazonalidade. Cestas incluem produtos do Empório da Chaya e produtos nacionais do MST. O impacto da comercialização nos assentamentos é muito positivo. Fizeram parceria com a Soltec para a organização geral. Para a cesta e a feira trazem apenas produtos das regiões mais próximas: Sul Fluminense, Baixada e Paracambi. A comercialização é parte da Comunicação. O espaço da feira é também um espaço de encontros, cooperação e solidariedade. Têm a Culinária da Terra, onde cozinham e servem comidas feitas com produtos dos assentamentos.

No debate ficou clara a importância destas iniciativas de comercialização para os movimentos, não apenas do ponto de vista econômico, mas político e organizativo e nas relações de solidariedade entre campo e cidade. Foi parabenizada a iniciativa e ressaltada a importância deste primeiro intercâmbio entre as diferentes experiências de comercialização no campo popular, para pensar formas de fortalecimento e apoio mútuo.