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O Reaproveitamento: A Rede Ecológica se torna Pioneira no Assunto

Há aproximadamente 2 anos criou-se uma Comissão de Reaproveitamento que tem se preocupado de modo sistemático com o destino de nossas embalagens, de modo que sejam reutilizadas ao máximo possível.

Esta primeira etapa foi levada de modo muito cuidadoso e algo solitário por Sol Libman, de Botafogo. A Comissão passou, então, a ser integrada a partir de janeiro de 2019 por Thais Schneider e Luiza Mizarela, também de Botafogo.

Importante destacar que esta comissão está voltada para o segundo R dos 3 Rs que sempre vale a pena explicar melhor: o primeiro R tem a ver com a redução de consumo, consumirmos menos e de modo mais consciente, atentos ao processo produtivo, presença de trabalho escravo, modismo, (nesta carta tem um link para o programa do canal futura sobre este assunto), etc. O segundo R afeta o primeiro porque acaba, na medida em que prolonga a vida útil dos objetos, a levar as pessoas a consumir menos. Mas além disso, o reaproveitamento educa um olhar que busca utilizar o mínimo possível novos recursos naturais, vendo as várias brechas que os objetos criados e em circulação possibilitam. Bem diferente do terceiro R, o da reciclagem, que está muito ligado ao mundo do descartável. Assim, por exemplo, se pudermos reaproveitar garrafas de vidro incessantemente, muito melhor do que usar latas de alumínio e garrafas pet, muito agressivas ao meio ambiente. Finalmente , o terceiro R diz respeito ao processo de reciclagem que destrói o objeto para dele industrialmente fazer um novo, algo que necessariamente consome muita água, energia, etc.

Na Rede Ecológica, desde o início os 3 Rs especialmente o reaproveitamento, fazem parte de nossos princípios. O primeiro produto explícito neste sentido foi o caderno ecológico, proposta lançada por Miriam Langenbach no Programa de vídeos Ecológicos da PUC/RIO em 1991, O caderno abriu um leque de possibilidades interessantes a partir do uso do verso não utilizado de folhas, e diversificados materiais de capa já utilizados. Criou-se ali um produto muito simples, que veio para a Rede Ecológica desde seus primórdios. Inicialmente foi confeccionado por alunos cegos e surdos do Instituto Benjamin Constant. A família Freitas, dos nossos produtos de limpeza, pegou o bastão, especialmente Rubenilto, um dos filhos, preparando os cadernos.

Além do caderno ecológico, a briga com o plastico e a questão das embalagens já desde 2014 tornou-se foco. Assim em 2014 iniciou-se a campanha Xô saco Plástico, na feira da Freguesia, mas que não foi em frente Em 2016 o núcleo Campo Grande assumiu esta campanha na feira Agroecológica de Campo Grande, tendo sido muito bem sucedida.

E por outro lado, Erika Molini, ao iniciar a entrega de seus pães orgânicos foi pesquisando uma embalagem de celulose, reciclável natural.mente. Fabrizio dos cogumelos Umami também topou alterar sua embalagem para a Rede, eliminando a bandeja de isopor.

A comissão que se criou há 2 anos foi trabalhando item por item, aos poucos durante o ano de 2018. Assim Maria Accioly (Botafogo) fez uma planilha com a listagem das embalagens que possuímos, e aos poucos elas começaram a ser retornadas. Os núcleos Urca, Santa, Botafogo, Grajaú a cada mês reúnem suas embalagens reaproveitáveis, tendo representantes, que cuidam de levar até a Casa Anitcha, lugar por onde passarão produtores e motoristas. Da Urca é Ricardo Posler, de Botafogo Thais Schneider e Alessandra Aldé(Santa); Cida do Grajaú

Em reunião da comissão de reaproveitamento em 5/6/2019 foram verificados os itens já trabalhados e outros que deverão ser:

1. O retorno das caixas de ovos tem tido muito sucesso junto aos cestantes, voltando em grande quantidade. Elas atualmente vão para o sítio da Glória, de Magé e também algo para o sítio da Suély, em Xerém. Com a perspectiva do caminhão, possivelmente as caixas dos ovos passarão a ser destinados em boa parte para a cooperativa Alaide Reis, em Piraí.

2. A Família Freitas tem recebido várias bombonas de volta. Por outro lado, vários associados tendem a utilizar produtos de limpeza mais naturais, baseados em vinagre, bicarbonato de sódio e limão, diminuindo a compra destes produtos. Joana neste mês entrou com o sabão de coco, feito a partir do óleo de palmiste.

Assim as embalagens estão sendo complementadas com o recolhimento em empresas que utilizam bombonas (Dataprev) e através de um grupo e reaproveitáveis no Facebook. Uma outra iniciativa muito importante aconteceu junto aos produtores do queijo da serra da Canastra (Aprocame). Sua embalagem normal envolve uma caixa, papel manteira, e eles para a Rede Ecológica utilizam um saco de papel pardo fino nos quais o queijo chega. Tem dado muito certo!

Importante destacar que sempre instados e estimulados pela Rede Ecológica. Em outros mercados, estes produtores tem outras embalagens.

3. Estamos trabalhando junto com Ronivon dos Laticínios Bemposta, a possibilidade de substituir as embalagens de plástico pelos vidros de palmito e mel. Para tanto precisamos viabilizar a logística do retorno destas embalagens ao produtor, na questão da higienização dos vidros e na aquisição das tampas metálicas.

Combinamos de colocar em prática inicialmente no núcleo de Botafogo para uma primeira avaliação. Será necessário uma campanha de divulgação por uma mudança de hábito no que diz respeito a utilização destas novas embalagens como, por exemplo, a manteiga será fornecida no vidro de mel.

Novos desafios

1. Entrar em contato com a Mariana e Richard Flor de Caxias e do assentamento Terra Prometida para que o leite vegetal seja entregue nas garrafas de Suco de maçã. (Luiza dará sequência).

2. Estudar a possibilidade de reutilização das caixas plásticas de brotos de girassol, morangos e outros, devolvendo-os a seus produtores. (Sol dará sequência)

3. Rever embalagens de shampoo, condicionador e repelente para devolução também ao assentamento Terra Prometida.

4. O leite deverá começar a vir quando o caminhão do MST estiver comprado, e lança uma nova questão: a garrafa pet, que eles utilizam, ao ser congelada, libera muito antimônio, extremamente tóxico. Bruss Lima, pesquisador da UFRJ e associado do núcleo Urca, coloca material a disposição (em anexo) que comprova isto.

Então começamos a pensar em termos os latões de leite de antigamente, em inox, e localmente os associados terem suas garrafas de leite para a busca. Esta é uma caminhada que apenas se inicia, e possivelmente a primeira experiência será na Urca.

A seguir o texto de Bruss Lima com referências em relação aos efeitos negativos da garrafa pet:

Garrafas PET liberam compostos químicos contendo o elemento antimônio, trazendo riscos para a sua saúde.

O plástico conhecido como PET (politereftalato de etileno) é um polímero utilizado em garrafas de água mineral, refrigerantes e outras bebidas. Fabricantes de PET garantem que o material é seguro para uso em embalagens de alimentos, bebidas e medicamentos. No entanto, estudos científicos[1,2] têm demonstrado que compostos contendo o elemento químico antimônio (Sb), que é utilizado na produção do PET, é continuamente liberado no líquido contido na garrafa. O antimônio é tóxico e possivelmente cancerígeno para animais e humanos. A quantidade de antimônio liberado pela garrafa PET depende de vários fatores, tais como o tipo de líquido contido na garrafa, a temperatura do ambiente e o tempo de armazenamento. A quantidade de antimônio geralmente liberado é pequena, mas a contínua exposição traz preocupações. A Rede tem estudado maneiras de substituir a garrafa PET, como por exemplo na distribuição de leite de vaca para nossos diversos núcleos. Uma alternativa seria transportar o leite em recipientes de aço inox, o qual não traz nenhum risco conhecido para a saúde.

Referências:

1 – Shotyk W, Krachler M, Chen B. (2006). Contamination of Canadian and European bottled waters with antimony from PET containers. J Environ Monit. 8:288–5.

2 – Westerhoff P, Prapaipong P, Shock E, Hillaireau A. (2008). Antimony leaching from polyethylene terephthalate (PET) plastic used for bottled drinking water. Water Research. 42:551-6.