No dia de 15 de junho, a Feira Agroecológica de Campo Grande, com realização da Associação dos Agricultores da Feira Agroecológica de Campo Grande, Processadores de Alimentos, Artesãos e Amigos (Associação AAFA), levou uma programação em prol do Dia do Meio Ambiente e Dia do/a Agricultor/a Familiar para o espaço do Casarão de Campo Grande. O evento foi realizado por meio de parcerias, incluindo a Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU), Rede Ecológica, Projeto Qualidade de Vida – Tai Chi Chuan e Grupo de Agricultura Ecológica-GAE da UFRRJ-Rural.
O evento começou com o Tai Chi Chuan, seguido de apresentação musical do Tony Realce e três oficinas simultâneas. A Oficina de Compostagem foi organizada pelo Paulo Monteiro, membro do núcleo Campo Grande da Rede Ecológica, e pelo Kadu, também membro da Rede Ecológica e estudante da UFFRJ-Rural. O Kadu faz parte do Grupo de Agricultura Ecológica-GAE da UFRRJ-Rural e mobilizou mais três membros do GAE para compor a Oficina. Foi uma das atividades mais movimentadas do dia! A Oficina foi além do conteúdo teórico e prático da compostagem e incluiu um passo-a-passo para ‘Adubo Bokashi’ doméstico.
A Oficina #XôSacoPlástico foi organizada pela Ana Paula Rodrigues, membra do núcleo Campo Grande da Rede Ecológica e parte da diretoria de Comunicação da Associação AAFA, e Amanda Franco, também do núcleo Campo Grande e professora do curso de gradução de Nutrição na FABA – Faculdade Bezerra de Araújo, que mobilizou estudantes do curso para somar na oficina. A prática iniciada na Feira Agroecológica de Campo Grande de incentivo ao uso de sacolas de pano reutilizáveis foi ponto de destaque.
A Oficina Arte e Poesia Manifesto foi organizada por Selene de Moraes, da diretoria de Comunicação da Associação AAFA e André Luiz, da diretoria de Eventos. A dupla também realizou atividades para o público infantil com massinhas artesanais e ecológicas.
Durante todo o evento, Bernadete Montesano, também do núcleo Campo Grande da RE e vice-presidenta da Associação AAFA, junto com Ana Paula Rodrigues incentivou o diálogo na calçada com pedestres que passavam em frente à Feira. Por ser um espaço que sofre com a falta de manutenção e visibilidade pelos órgãos competentes, muitos dos moradores da comunidade ao redor não conhece a Feira Agroecológica de Campo Grande ou não se sentem encorajados a conhecer uma vez que durante os outros dias da semana, o local da Feira é perigoso dado a ausência de iluminação apropriada e pouca movimentação no espaço.
A reivindicação pelo ‘Casarão’ desativado que ocupa o mesmo espaço onde ocorre a Feira Agroecológica e onde estão o pólo da Comlurb e do escritório da Emater-Rio é a principal prioridade da Associação AAFA, que é fruto de uma série de ações e articulações de resistência agroecológica na Zona Oeste feitas por organizações como Rede Carioca de Agricultura Urbana, Rede Ecológica e ASP-TA.
Também teve o tradicional café da roça compartilhado e o sorteio da cesta de produtos agroecológicos doados pelos feirantes!
A principal atividade do evento foi o diálogo “Meio Ambiente e Agricultura Familiar em roda: gratidão e desafios”, organizada pela Bernadete, Ana Paula, Jaqueline Telles, da diretoria de Articulação Externa da Associação AAFA, e Juliana Braga, membra do núcleo Campo Grande da RE e secretária e parte da diretoria de Comunicação da Associação AAFA. A roda vem em um momento fundamental para a estratégia da Associação AAFA que recentemente protocolou seu estatuto na SEAPPA – Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Rio de Janeiro e busca por uma audiência pública com a Secretaria.
Inicialmente, a vice-presidenta da Comissão de Segurança Alimentar na ALERJ, deputada estadual Mônica Francisco (PSOL) tinha confirmado presença na roda, mas por conta de retaliações sofridas uma semana antes no calçadão de Bangu, preservou sua participação para uma próxima oportunidade. Bernadete e Ana Paula em articulação com outros representantes garantiram as participações de Leile Teixeira, do Movimento dos Pequenos Agricultores-MPA e Lícia, da equipe de Justiça Socioambiental do mandato do deputado estadual Flavio Serafini (PSOL), vice-presidente da Frente Parlamentar pela Defesa da Agroecologia na ALERJ;
Madalena, agricultora residente no Maciço da Pedra Branca e participante da Feira Agroecológica de Campo Grande desde seu início, fez uma fala fundamental sobre como sua história de vida e consequentemente, histórias de vida de muitos agricultores e agricultoras da Zona Oeste foram marcadas pela ausência de um poder público efetivo em prol da agricultura urbana no Rio de Janeiro. A convite da Jaqueline, a Maíra, doutoranda em Direito na PUC-Rio com foco na reforma agrária, somou à roda trazendo suas experiências de suportes a organizações de agricultores e se disponibilizando para realizar oficinas e dar suporte jurídico à Associação AAFA.
A representante do MPA explicou didaticamente como os direitos dos pequenos agricultores estão sob risco diante da reforma da previdência que tramita no Congresso. Trouxe diversos materiais ilustrativos quanto ao controle do capital no Brasil, os interesses bancários e ressaltou dados sobre a nova regra de idade e necessidade de posse da DAP para a previdência de pequenos agricultores.
Foi um dia de muito aprendizado, trabalho colaborativo e autocrítica quanto ao engajamento e protagonismo dos feirantes da Feira Agroecológica de Campo Grande em ambientes estratégicos para a Associação AAFA.
Saudações agroecológicas!