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Miriam Langenbach compartilha a vivência de mutirão em sua casa

“Fiquei com muita vontade de contar a história do mutirão, porque ela é muito inspiradora! Eu começo falando da casa, que de fato é um apartamento duplex, e que foi uma paixão, desde a chegada, em 1981, quando minha filha Cecília tinha 2 anos. É um canto super especial, com uma vista, na frente para a Baía da Guanabara, nos fundos para o Pão de Açúcar.

 

É uma história longa, em que depois de 10 anos alugando, graças a meus pais, foi viabilizada a compra e eu passei a poder fazer o que eu acreditava que fosse bom! Comecei com o espaço inferior que foi muito mexido, possibilitando uma sala cozinha que mais parece da roça do que outra coisa, e que juntou a cozinha, a área de serviço (não se via nada dos fundos da pedra, onde havia um lindo flamboyant), quarto e banheiro de empregada.

 

O terraço quando chegamos, era de uma aridez total, tendo apenas um pote com jasmim. Hoje dentro da terra, tomou conta, está sempre em flor! Meu marido na época construiu 2 canteiros onde começamos a plantar alguma coisa.

 

Um dos lances mais difíceis para mim, foi colocar um gramadinho no terraço.  Uma vez que isto deu certo, há uns 8 anos, confirmou-se o caminho do plantio. Até a derradeira empreitada, um terraço verde no último andar. A compostagem tornou-se a companheira de sempre, sem minhocas, uma compostagem rústica, mas que dá muito certo com as plantas! No telhado verde, comecei a colher romã, tomates, maracujá, hortelã, espinafre da índia, boldo, bredo, ora pro nobis e até melancia já deu uma vez! Tanto a compostagem quanto o telhado verde, tiveram seus desafios: um rato em alguns momentos, afligindo muito; alguma infiltração, mas tudo sempre resolvível artesanalmente. Valeu demais!

 

Itens como coleta de água de chuva, e há uns 3 anos a glória, possibilitado por um associado: um banheiro seco!

 

Tenho sentido que não dou conta de cuidar do jardim, que acaba pedindo bastante atenção. E aí entrou o mutirão, feito pela primeira vez neste ano, 2019,  há uns meses. Grande estimuladora foi minha amiga Bibi, eu me sentia muito insegura, Milca dando força também o tempo todo. O orientador espiritual e na prática, de ambos os mutirões foi Breno Fontel, um jovem muito especial, que estuda oceanografia, e se apaixonou pela agroecologia. Assim criou na Urca uma horta comunitária com um banheiro seco para as pessoas que dormem na rua e uma agrofloresta no zig zag (acesso entre duas ruas neste formato), Além disto faz um trabalho de educação ambiental,na escola Estácio de Sá junto ao Forte São João, age na Aldeia Maracanã e vários outros espaços. Tem uma prancha feita do reaproveitamento de garrafas pet. Segue um link para apoiá-lo na compra de um triturador do lixo orgânico, que está avançando na vaquinha eletrônica, e que vai beneficiar o bairro e outros espaços, certamente!

http://www.vakinha.com.br/r/792938/3579379

O primeiro mutirão delimitou os espaços a serem plantados, mas foi neste domingo que realmente ocupamos com hortaliças e legumes todos os espaços, conforme vocês podem ver pelas fotos. A preparação passou por Breno e eu irmos 2 vezes ao Ceasa – ao lado da estação de metrô Coelho Neto – para conseguir mudas. Não sabíamos que aos sábados tem mudas pequenas que são vendidas super barato (6 por R$ 1,00) no pavilhão 30 ocupado pela Unacoop, o espaço da agricultura familiar do Estado do Rio de Janeiro.  Breno viu a palha das melancias no Ceasa, e enchemos 2 sacos. A sorte foi um amigo dele que mora no Irajá, que nos trouxe de volta com os materiais. Picar a palha, o mato abundante foi um dos desafios do mutirão.

 

Plantamos de tudo, e em cada canto a variação, biodiversidade na veia! O tempo mais frio ajudou e as plantas estão super felizes!

 

Éramos 10, que iniciamos cedo e fomos até a hora do almoço. Estavam Bibi, Milca, Sueli e Anísio da Rede da Urca, Mariana Silva, momentaneamente afastada do núcleo Caxias que num domingo veio especialmente de Caxias, impressionante!, as meninas Jessica e Vitória que moram na minha casa e Marilene, além do Breno e eu. Ficou faltando minha filha e a netinha Assucena, mas elas foram festejar o aniversário de uma amiguinha acampando.

 

O almoço que se seguiu foi aquela maravilha, tendo a frente Bibi e Milca, mas contando também com os pães maravilhosos de Sueli e de Diana de Caxias, trazido por Mariana, os queijos mineiros de Bibi, o sorvete da Flora de amora e manga, das árvores que circundam a casa,. Foi feita uma torta de aipim com bredo, que temos muito aqui em casa, salada e o bolo de fubá único da Milca como sobremesa.

 

Fiquei tão animada, que pensei que em cada núcleo, pelo menos uma vez ao ano uma família propusesse um mutirão para pessoas do núcleo e amiga(o)s. É impressionante como ajuda e transforma em todos os sentidos! Muita gratidão!

 

Seguem as fotos tiradas por Milca e Marilene, que dão uma boa idéia do que foi. Não pensamos em tirar uma foto do conjunto, a fotografia foi totalmente discreta, algo muito bom nestes nossos tempos de selfies!