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Balanço do ano de 2019 - 1a. parte

Segue o balanço do ano de 2019 que evidencia como este foi um ano excepcional de realizações. Vai ser importante ler para planejar o que faremos em 2020!

Tomaremos como referência as 4 áreas de atuação da Rede, categoria implantada, há alguns anos, que organiza e explicita a amplitude e variedade de nossas ações. São elas:

1. A organização das compras coletivas, envolvendo acolhida, sistema de pedidos, logística, finanças, vida dos núcleos. Nela está a CG e o GT sistêmico.
2. A interação produtores e consumidores, sua organização e comercialização que inclui as vivências rurais e feiras.
3. Comunicação e formação: tem a ver com os aspectos explicitamente ideológicos fortemente vinculados à questão da consciência ambiental.
4. Movimentos sociais: a Rede enquanto movimento social e sua inserção e interação com outros movimentos sociais.

O ano de 2019 deu um destaque especial à área 4, no sentido da ênfase dada ao MST, nosso parceiro de longa data. Duas iniciativas foram muito importantes, devendo-se enfatizar que foram totalmente coletivas por parte da Rede, envolvendo todos os núcleos. Apontaremos as lideranças e seu trabalho, porque isto também é uma parte essencial.

1. A compra de um caminhão, a partir de uma campanha totalmente organizada pela Rede, que conseguiu levantar em um período de poucos meses aproximadamente 42 mil reais, seja em forma de doações, seja de empréstimos (a maioria). Viabilizou um sonho de 4 assentamentos do sul fluminense do MST – a cooperativa Alaide Reis -, de escoar sua produção;

Esta iniciativa teve como âncora João Cândido (Santa Teresa), acompanhados por Brígida Ruchleimer (Vargem Grande) e Valéria Motta (Humaitá), nos aspectos concretos do processo, tendo também participação de Bibi Cintrão e Miriam Langenbach. Ligia Bensadon (Niterói) participou de uma entrevista gravada histórica, de destaque à economia solidária.

Foi um feito impressionante, que vai criando condições para a Rede fortalecer seu pequeno fundo solidário existente para voos mais altos, que possam beneficiar variados projetos.

2. Uma segunda ação foram as visitas sistemáticas ao Assentamento Terra Prometida, assumidas coletivamente por todos os núcleos e que foi o maior sucesso! Foram 9 visitas! As visitas não se limitaram à(o)s associada(o)s, mas envolveram pessoas de fora, contatadas a partir da Feira Estadual da Reforma Agrária de 2018, na qual a Rede teve uma barraca. A maioria dos visitantes nunca tinha estado em um assentamento e podemos imaginar a importância, pelos feedbacks deste contato, desfazendo preconceitos, mostrando as questões e conquistas deste movimento. Participaram das visitas aproximadamente 300 pessoas.

A coordenação deste trabalho foi realizada por Beth Bessa (Grajaú), de maneira dedicada e presente em qualquer necessidade, acompanhada por Marcos Lima (ex-Humaitá) e Sueli Faria (Urca). Juliana Guimarães (Campo Grande) entrou com a organização de dados, e trabalhos visuais.

Aliás, destaque deve ser dado ao núcleo Campo Grande, que foi o primeiro núcleo que topou assumir esta visita, ainda muito nebulosa para todas e todos, estruturando-a de forma decisiva.

Ao falarmos de Campo Grande, passamos para a área 1, na qual está a vida dos núcleos. Campo Grande tornou-se uma referência em termos de organização de núcleo, no sentido da fidelidade aos princípios da Rede Ecológica, o que não é pouco. O tema participação foi um foco, que coletivamente definiu formas de lidar com pessoas não participantes e deu estofo e coesão ao grupo. Isto repercutiu na própria organização da feira agroecológica de Campo Grande, que se formalizou neste ano com uma direção que se baseou na cogestão entre produtores e consumidores, um feito inédito na cidade do Rio de Janeiro.

Voltando ainda ao MST, foi importante a presença da Rede através de Miriam Langenbach (Urca) na audiência pública na ALERJ, mostrando a importância dos assentamentos, a partir da ótica de consumidores conscientes.

Ainda uma abordagem em relação aos assentamentos do MST foi o trabalho desenvolvido pela APAC coordenado por Ítalo Albuquerque (São João), na busca de confecção de equipamentos que ajudassem a realizar a construção de casas, uma necessidade premente. Este grupo contava com Antunes Ezequias, nosso motorista que sabe confeccionar os mais variados equipamentos. Entretanto a expectativa de um apoio que viria da França para o projeto acabou não se concretizando e isto dificultou a continuidade dos trabalhos.

A Rede fez um mutirão na APAC, tentando organizar os inúmeros velhos equipamentos ali existentes. Avançou bem, mas precisa de um segundo mutirão que deverá ser realizado em 2020.

Atualmente a comissão que trata do assunto equipamentos está sendo integrada por Sandra Kokudai que está fazendo um trabalho junto com outros arquitetos em Macaé, na busca de formatos de casa camponesa na escola de formação do MST para o estado.

Finalizando nossa interação com o MST, houve uma ação que não progrediu, que teve a ver com a organização de uma comissão que apoiasse o MST internacionalmente, no sentido de tradução e adaptação de trabalhos visuais sobre o que está acontecendo nos assentamentos. Acabamos por um lado esbarrando no sistema centralizado e fechado do MST, e também não houve suficiente adesão dos associados. Apesar disto a Rede ajudou a divulgar a proibição da pulverização aérea que aconteceu pela primeira vez no Brasil no Ceará, associada a um assentado que foi quem propôs esta lei há muitos anos, e pagou com a vida por esta ousadia.

Também foi focalizada a luta do Quilombo do Meio, em Minas, vitoriosa pelo judiciário, mas em alto risco de reintegração de posse por decisão do governador de Minas Gerais de anular a desapropriação assinada pelo governador anterior.

Passemos para a área 3, em que vimos iniciativas importantes:
No CAC – Centro de Atividades Comunitárias – em Coelho da Rocha, São João de Meriti, 2019 foi um ano de consolidação de um trabalho de educação alimentar e ambiental já iniciado anteriormente. Em todas as festas a Rede teve uma participação que viabilizou alimentos saudáveis, especialmente sucos feitos de frutas do próprio quintal, pratos a partir do aipim e das PANC´s. A eliminação dos descartáveis estava na mira o tempo todo, e vai caminhando com idas e vindas.

Costurando este trabalho junto com Adriana Camargo (São João), diretora do Centro, estava Milca Colombo (Grajaú) acompanhada por Dora Zenaide e Jussara Rocha (São João), Beth Bessa e Bibi Cintrão (Santa).

O quintal que nos encanta tanto foi sendo cuidado e desenvolvido com a dedicação de Rafael Moura (São João), e apoio de Zolmir Figueiredo (Verdejar), tendo organizado pequenos mutirões.

Está começando a se estruturar um trabalho com mulheres a partir de reaproveitamento de retalhos, coordenado por Jussara Rocha (São João).

Indo para a área 1, vida dos núcleos, São João é um núcleo pequeno que ainda não conseguiu crescer, mas em que todos os associados tem ações muito relevantes dentro da Rede.

Leia aqui a 2a parte do nosso Balanço de 2019.