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Como a Rede está lidando com o Coronavirus

Estamos descobrindo variadas formas de lidar com a nova situação e aprendendo muito.

O primeiro momento importantíssimo foi a definição de novas formas para a realização das duas últimas entregas de frescos. Houve muito diálogo e planejamento para a definição dos cuidados necessários.
A percepção de que o risco seria menor do que o do supermercado e de que mais vale fortalecer a produção familiar nesse contexto do que reforçar o poderio dessas grandes corporações predominou sobre o medo.

As entregas de frescos  funcionaram muito bem, graças a dedicação de vários, com todos os cuidados. Foi um passo muito importante.

A definição por manter os secos, sabendo que teríamos que mudar de local de entrega, foi outra iniciativa muito importante. Reduziu-se o número de produtos e tentou-se simplificar e organizar ao máximo o processo. Sempre com muito diálogo.

Para isso, nesta sexta-feira, dia 03 de abril, o mutirão estabeleceu 4 turnos, com 5 pessoa. Estamos, agora, avaliando esse processo com os envolvidos.
Esse mutirão reinaugurou o espaço em Santo Cristo, onde estivemos por vários anos, na casa do João Ribeiro, nosso motorista

A fala de Júlia Stadler (Santa) sobre o que este gesto representou: “Nós aqui estamos muito bem, graças à Rede. Não precisamos fazer compras, está tudo lá. É só manter um pouco mais de distância…. Esta rede de amizades, de poder falar, é tão importante e a única coisa que mantém a normalidade. E mostra que podemos ser independentes. Quando vejo o monte de carros entrando no Mundial…”

Outro movimento importante que vem sendo feito pela Rede são as doações às Favelas. Estamos começando na Comissão Gestora a construir uma linha de contribuição, que tem a ver com complementar cestas com produtos frescos, que são tão importantes e acabam não aparecendo nas cestas básicas. A ideia é tentar influenciar a alimentação de grupos populares assistindo, através do envio de produtos frescos, especialmente aipim, inhame, banana, verduras e legumes de nossos produtores.

Nesse sentido, trabalharemos sobre o tripé: promoção de consumo alimentar mais saudável junto às populações de risco; parceria com nossos produtores que tem cobrado menos por esses produtos e escolha de comunidades que já são conhecidas pelos nossos produtores ou cestantes, em trabalhos anteriores.

Acreditamos que desta forma podemos construir um trabalho que poderá ser duradouro, criando adesão a uma alimentação de verdade, a longo prazo. Para isso teremos que criar formas de passar receitas, passar informações que fortaleçam esta proposta. Que bom que temos uma comissão de cozinha atuante!

CEM – Centro de Integração da Serra da Misericórdia – A proposta de uma nova logomarca surge quando vimos que mudamos e precisávamos refletir essa mudança…. ter conhecido a Rede Carioca de Agricultura Urbana, em 2013/2014, transforma toda nossa perspectiva de trabalho e entendimento de militância na Serra. A favela resistindo diariamente e a busca por comida de verdade só aumentando. Assim entendemos que a luta por soberania alimentar a partir da agroecologia e da agricultura urbana, devam ser eixo central para alcançarmos autonomia e ganharmos força na Serra. Entendendo a agricultura urbana também como cultivo das relações, resgate da cultura na e com a Serra da Misericórdia, assim como ferramenta de luta. A nossa saída da Sede, pela ação da pedreira, foi fator decisivo tanto para a mudança do nome, como da nossa identidade visual. Marcelo rascunhou algumas propostas e, no Chile/Santiago Ana Santos, junto com Cata e Romi /Ong G. Hormiga, instituição que realiza uma gestão partilhada com o CEM (falaremos com mais detalhes sobre), desenhou as primeiras propostas, que foram entregues para designer Karla (parceira de Hormigas) criar a nossa identidade. Essa logo reflete quem somos, e evidencia em todo o seu entorno a chaya, primeira cultura alimentar que gerou tanto renda, como articulação e sustento para todxs no CEM.

Já nos definimos neste momento por 2 campanhas, uma ligada a nossos produtores do CEM – Centro de Integração da Serra da Misericórdia (carne de jaca e chaya) que tem um trabalho desenvolvido há muitos anos no Complexo da Penha, que está articulado com o fomento da agricultura urbana na região. A campanha #Favela sem Corona promove a doação de cestas a 200 famílias. Nós estamos iniciando nossa participação agora. Conseguimos uma doação do exterior, que deve garantir, juntamente com as outras iniciativas que estão acontecendo, cestas básicas com produtos frescos.  Veja maiores detalhes na sequência.

Uma segunda linha de ação é a Teia de Solidariedade da Zona Oeste, que envolve os núcleos de Campo Grande e Vargem Grande. A ideia é que os produtores das duas feiras locais e outros produtores da Rede façam este mesmo processo de encaminhar produtos frescos que seriam pagos com as doações.  Isto vai exigir de nossos associados um trabalho de divulgação, articulação, acompanhamento, encaminhando os resultados para os que estão doando e tentando construir um trabalho mais duradouro, que traga frutos permanentes.

Outro caminho, que seria de caráter  pontual, é o apoio à Casa Anitcha. Estamos nos movimentando para que, na próxima semana, quando abrir a chamada de secos, começar a  direcionar nossas doações; e no caso vai ter uma menção à Casa Anitcha, que vive um momento difícil, com o término de sua sede. A Casa Anitcha, representada tão bem por  Renata Lara, parceira sempre presente, atenta e dedicada às nossas necessidades, nestes últimos 4 anos em que estivemos juntos. Vamos apoiar Renata Lara e a Casa Anitcha! Supervaleu, Casa Anitcha, foi nosso melhor espaço de mutirão e de núcleo, com o espírito colaborativo sempre tão presente. Continuaremos juntas!

Também gostaríamos de falar um pouco da ação emergencial realizada por Campo Grande, em apoio aos feirantes após o decreto que impediu as feiras de funcionarem sábado, dia 21 março. Mobilizados enquanto membros da AAFA – Associação de Agricultores, processadores, artesãos e amigos da Feira Agroecológica de Campo Grande, em parceria com núcleo Campo Grande da Rede Ecológica e Rede Carioca Agricultura Urbana, Ana Paula, Juliana, Bernadete e Ana Eliza, todas cestantes de Campo Grande organizaram um movimento para estruturar um processo de pedidos online de cestas encomendadas, com retirada na feira, em horário reduzido.

Conseguiram em menos de 1 semana, no susto e na correria, organizar uma estratégia que pode ficar como diferencial para novas vendas, novos clientes, novos apoiadores.

Organizaram a lista de cadastro tão  esperada, e que estava individualizada desde sempre. Mais de 40 clientes cadastrados, e ainda estão colhendo novos interessados, através de um caderno que abriram na feira e ficará todo sábado.

Movimentaram novos clientes via redes sociais- face e insta.

Receberam 27 pedidos de cestas por encomenda, que movimentou um recurso muito maior do que esperavam e do que costumavam ter somente com as vendas da feira em dias normais. Ainda foi possível vender produtos extras que não foram inseridos nos pedidos das cestas, gerando um valor ainda maior.

E o que consideraram mais importante: utilizaram a energia neste esforço e empenho para realizar um pensar e  agir coletivo, aprendizados que, mesmo com os desafios, limitações e equívocos que tivemos, ficarão para todo grupo da feira como experiência e oportunidade. Até reunião virtual conseguiram realizar para traçar um planejamento do processo, deliberações e combinados.

A primeira entrega aconteceu sábado, 28 de março e sábado que vem tem mais!

O podcast a seguir conta um pouco da ação que mobilizou grupos em todo estado para apoiar os agricultores/as:

::RÁDIO REDE CAU:::

Saudações Agroecológicas! Está no ar o nosso 1o podcast de 2020, com o tema: Feiras Agroecológicas e a Nossa Saúde.

Nesse podcast você vai saber um pouco mais sobre como a gente tem garantindo o abastecimento da cidade, renda aos agricultores e saúde para todos nesses tempos de isolamento social!

Quer saber mais? ACESSE:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=2621306104641690&id=638527312919589

Tem ainda a iniciativa individual de Júlia Stadler, que acionou doações do exterior junto a sua família e amigos, e com este dinheiro está se organizando para comprar de nossos produtores de frescos para apoiar o café da manhã do projeto Voar, e uma cozinha no centro da cidade. Talvez outros associados nossos estejam atuando neste mesmo sentido. importante compartilhar!

E fica como ideia!

Finalizando, o importante é fazer uma ponte entre doação da Rede, nossos produtores e grupos em risco. A questão de acionar pessoas no exterior é outra questão importante a ser conseguida. Vamos que vamos!