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Doações para a Campanha contra a Fome em tempos de Coronavírus e os Cinco Grupos Prioritários

Gostaríamos de esclarecer nossos critérios para a seleção dos grupos que serão contemplados por nossa campanha.

Primeiramente, importante esclarecer que neste período em que a Associação Suíça ainda não tem arrecadações, o que deverá demorar provavelmente 2 a 3 semanas, a contribuição de vocês, cestantes e produtores da Rede terá uma importância especial, porque permitirá realizar nossa participação imediatamente. Se precisarmos adiantar, devemos contar com o Fundo do Programa Campo Cidade, que neste momento está suspenso.

Solicitamos que vocês contribuam com uma cota única e nós distribuiremos a partir da avaliação das necessidades, este dinheiro. Iremos também, através da Carta Semanal e do site, devolvendo os resultados do dinheiro aplicado.

Criamos uma comissão que envolve as principais pessoas envolvidas na campanha e que estão trabalhando para que tudo funcione. Até o momento são as integrantes: Leonor Hernandez (Suiça), Flavia Salazar (Grajaú, responsável pela comunicação), Ana Santos (Grajaú, responsável pelo elo com o CEM), Ana Paula Rodrigues (Campo Grande, elo com a Teia de Solidariedade da Zona Oeste), Claudete (Vargem Grande), acompanhante das Mulheres de Hidra que por sua vez propuseram apoiar as Mães da Baixada), Julia Stadler (Santa, elo responsável pelo apoio ao grupo Jucá Juntando Cacos), Miriam Langenbach (Urca, responsável pelo elo com o assentamento Oswaldo Oliveira do MST em Macaé).

Focalizemos agora os grupos beneficiados:

O CEM, o Arranjo Local Penha e a Campanha #Favela sem Corona, engajado com outras redes e coletivos locais, têm garantido para o próximo mês a entrega de frescos com até 5 ingredientes para as duzentas famílias cadastradas. O CEM precisou se adiantar com a Campanha, que iniciou há um pouco mais de 1 mês, pois ao mesmo tempo que é agente, seus membros vivem nessa mesma situação de fragilidade. Outro fator que potencializou o início da Campanha foi o processo de escuta, cadastro e orientação sobre a pandemia, incluindo a produção de cartazes que circulou nas redes sociais e foram impressos em lugares estratégicos. Com o apoio da Ação Cidadania, da Rede Carioca de Agricultura Urbana e com a arrecadação de alimentos e doações financeiras foi possível distribuir as 200 cestas básicas no 1o. mês. A Rede Ecológica completou na última entrega de cestas básicas com itens como arroz feijão, fubá e canjiquinha algumas cestas e articulou a compra de produtos frescos do coletivo Terra: 600 kg de aipim, 30 dz de laranja, 40 dz de limão, 40 dz de bananas. Esses ítens se somaram a Xepa orgânica, projeto junto ao Arranjo Penha com a Feira Orgânica de Olaria/ABIO, e ainda com a compra de caqui da Pedra Branca e a doação de 60 dz de banana doada pelo agricultor Francisco de Vargem Grande-Maciço da Pedra Branca. O CEM está situado no Complexo da Penha e desenvolve um trabalho de agricultura urbana na região, na Serra da Misericórdia. E atualmente conta com o apoio da FAPERJ para implantar uma rede de agricultores urbanos com produção de mudas agroecológicas, ampliar o trabalho de compostagem e fomentar hortas urbanas nos quintais.

Teia de Solidariedade da Zona Oeste – Os núcleos Campo Grande e Vargem Grande irão participar. A Fundação Angélica Goulart estará desenvolvendo um trabalho em Pedra de Guaratiba envolvendo aproximadamente 50 famílias que receberão por parte da Rede cestas de frescos a partir de produtores locais e outros. Vargem Grande também empreendeu um mapeamento que se volta para aproximadamente 20 famílias, buscando-se os produtores nas mesmas condições.

Projeto Juca – Julia Stadler (Santa), na nossa última, carta semanal falou como levantou fundos no exterior junto a sua família e amigos, e por 3 semanas apoiou 3 iniciativas. Nesta etapa, considerou que seria o mais adequado apoiar a população de rua em Magalhães Bastos. Lá acontece o Projeto Juca (Juntando Cacos com Arte), com a fundadora Vânia, que superou a situação de rua e é membro do Fórum Permanente de População de Rua. A princípio faz um trabalho muito bonito de tentar tirar moradores de rua e dependentes químicos com projetos de artes da situação precária, agora mudou todo o foco e começou a distribuir alimento, quentinhas, águas, qualquer sustento básico para as pessoas não morrerem de fome. As famílias recebem os alimentos e preparam por conta própria ou em alguns casos serão distribuídos alimentos já processados. O projeto Juca tem estatuto, CNPJ, se formalizou sem perder a sua energia viva da informalidade…

https://www.inst1gbruq5dagram.com/projeto_juca/?igshid=1qns11gbruq5d

Até agora, Júlia conseguiu encaminhar:
140 dzs de banana prata da AgroVargem
100 kg de aipim e 40 dúzias de banana do Grupo Terra
70 kg de banana e 60 kg de abóbora de Alaíde Reis.
10 kg de queijo ralado doação do Ronivon – Bemposta
21 litros de sabonete líquido (10 pro assentamento Alaíde Reis)
2 galões de álcool gel (com Martina, Maya e Rita – do núcleo Santa)

Fora dos produtos da Rede compraram água e produtos de higiene pessoal como escova e pasta de dente e absorventes…

Ainda conseguiu encaminhar 200 reais para o grupo GAS (Grupo Alemão Solidário), um grupo admirável que acompanha há muitos anos, e 100 reais para uma família em apuros em Austin, Nova Iguaçu. Nestes casos a logística de doações materiais teria sido complicada demais.

Júlia destaca ainda como os nossos produtores estão sendo solidários: Ronivon de Bemposta fez uma doação significativa de queijos e o Coletivo Terra está oferecendo os produtos por um preço quase simbólico.

Algumas observações:

Neste momento a gente tem que confiar nas nossas redes, no julgamento dos nossos amigos que estão na frente. Temos que pensar no que faz sentido para as pessoas que estão recebendo as doações. No primeiro momento precisava-se material de higiene pessoal, mas esse deve durar algum tempo. Então num próximo momento talvez não seja mais prioridade.

Iniciativas mudam com a velocidade que o contexto vai mudando. Por isso as relações de confiança são tão importantes. Não é fácil encontrar um equilíbrio entre apoio estável e adaptação ao contexto.

Para Júlia, desde o início foi prioritário ser uma ponte para alimento de verdade, não apenas alimentos processados. Banana, aipim, abóbora satisfazem, alimentam e dão vitaminas. É mais um momento em que se mostra como o Campo nos alimenta, não as fábricas alimentícias…

Agora pretende estudar como podemos ajudar com a instalação de filtros de água para não cair na dependência da água engarrafada…

Projeto Mães da Baixada que envolve 41 famílias que tiveram filhos assassinados. É um grupo basicamente constituído de catadoras. O contato com este grupo foi proporcionado pelo recém-formado grupo Mulheres de Hidra, do MST no Assentamento Terra Prometida, que, angustiadas em buscar ajudar, e por outro lado com grandes dificuldades de escoar seus produtos, procuraram a Rede. Uma das integrantes faz parte do grupo Mães da Baixada, e foi bonito ver a rapidez com que se organizaram para propor a distribuição de uma cesta de frescos a partir de seus lotes e de vizinhos. Está sendo muito dialogada a perspectiva de parte do grupo beneficiado, com orientação das produtoras, organizar uma hortinha. A Rede está articulando a doação de sementes e mudas, ou sua compra a preço muito reduzido.

 

 Assentamento Oswaldo de Oliveira: é um assentamento próximo a Macaé, sendo o primeiro PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) do Estado do Rio de Janeiro, o que significa que tem desde seu início, um compromisso com a agroecologia. Sua trajetória é de muita luta, e em estiveram ameaçados de despejo, momento em que várias entidades de Macaé se mobilizaram em defesa do assentamento. A Rede Ecológica na época puxou um abaixo-assinado de apoio, tendo a presença forte da Amar, uma ONG francesa que conseguiu mais de 60 instituições que assinaram. Pareceu um milagre, mas o fato é que o juiz que originalmente parecia contrário ao assentamento, lhe deu ganho de causa. Ilusão pensar que o assentamento poderia se estabilizar. Tem abastecido a alimentação escolar de Macaé. Com os desdobramentos do governo Bolsonaro a instituição ex-proprietária, uma rádio de Campos reverteu esta decisão, tendo conseguido aprovar em segunda instância o despejo do assentamento. O MST continua recorrendo em outras instâncias e o assentamento resiste, com atos de divulgação. E também planejando seu plantio.

Aí entraria a Rede Ecológica atualmente apoiando o plantio no que for necessário, no caso o aspecto inicial mais gritante é o aluguel de um trator para preparar a terra.

Além desses projetos sociais estamos voltados a apoiar a Casa Anitcha  que acolheu o núcleo Grajaú, bem como o espaço do mutirão, durante pouco mais de 4 anos e, nesse momento, precisa de nossa ajuda para pagar contas em atraso e liquidar outras despesas.