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Recapitulando um pouco: como foi o Mutirão de Abril e a sua Preparação

Beto Jansen (posto Glória), Pedro Cooper e Sandra Kokudai (Santa) .

Importante destacar Beto Jansen (posto Glória), Pedro Cooper e Sandra Kokudai (Santa) como incansáveis, especialmente para tarefas muito ingratas e difíceis.  Vejam o relato preparado pelo Pedro:

O encontro para a limpeza do nosso novo velho local de mutirão da Rede aconteceu no dia 31 de março, terça-feira passada. Nele estivemos presentes eu Pedro (cestante e responsável pelas entregas do núcleo Santa), o Beto (cestante da Glória e membro ativo da comissão logística) e Sandra (cestante de Santa e coordenadora das finanças da Rede), além do João Ribeiro, anfitrião do espaço e responsável pelo transporte de produtos a longos anos.

Nesse encontro o objetivo básico foi higienizar alguns cômodos da casa para receber os produtos de secos e deixar tudo pronto para o mutirão que aconteceria 3 dias após.

Diana Rosa (Núcleo Grajaú) é produtora dos pães artesanais Rosa Avelã e a responsável pelo sistema do núcleo.

Antes de ir pra casa do João, no agora modernizado bairro do Santo Cristo, fui ao encontro do Miatã, responsável pelas entregas do núcleo Urca, que estava com uma encomenda de garrafas de álcool 70 e 90 mais alguns borrifadores, que seriam essenciais nesses tempos de COVID-19 para as operações da Rede como um todo que exigissem aglomerações de pessoas (quase todas).

Ao chegar, Beto e Sandra já estavam com as “mãos na massa”. Escovamos os cômodos a serem mais usados com um combinado de produtos como sabão, cloro, água sanitária e outros. Alguma dificuldade foi encontrada por serem poucos os canais para escoar a água, existindo para isso apenas um pequeno ralo de capacidade bem baixa. Talvez num dia de chuva isso pudesse ser um problema real, mas isso não aconteceu.

A ação durou um total de umas 4 horas e no final foi gratificante ver o chão brilhando e ter a sensação de ter contribuído um pouco mais com a nossa querida Rede Ecológica.

Segue também o relato do mutirão realizado de maneira precisa e realista por Diana Rosa, uma de nossas padeiras e integrante do Grajaú:

Participei do mutirão nos dois primeiros turnos integralmente e no 3 turno fiquei até as 16:30.

Diante da atual crise que nossa sociedade vive em meio a pandemia do Covid19 e os desacertos na governabilidade do país, é surpreendente o movimento da Rede Ecológica para escoamento da produção dos pequenos produtores garantindo sua renda, e fornecimento de alimentos saudáveis aos cestantes.

No dia 03/04/2020 realizamos o mutirão enfrentando também os desafios internos como a mudança de local. A casa do João em Santo Cristo, espaço que conseguimos com o esforço da equipe de logística e finanças, facilitou o acesso e comportou a demanda deste mês que foi reprogramada para diminuir o volume de produtos. Não foi realizado pedido a alguns produtores, entre eles Vale Ecológico (214 pacotes) e Vinícola Cezaro (229 garrafas) que geralmente tem um grande volume de produtos. A distribuição terminou no fim do 3º turno.

Foi montada uma estratégia para aumentar o total de turnos (4 turnos de 3 horas) e diminuir o número de voluntários por turno (5). Também foi organizada uma estrutura para garantir a higienização e segurança dos voluntários diminuindo o risco de contaminação. Uma equipe fez a faxina da casa, foi comprado material de limpeza, algumas máscaras,  álcool e papel toalha, e tivemos a doação de mais máscaras.

Porém, mesmo diminuindo o volume total dos produtos, reduzindo o número de pessoas e aumentando os turnos, o espaço foi um problema que enfrentamos para o desenvolvimento do trabalho. Utilizamos o nicho de entrada, sala, copa, cozinha e um quarto. A varanda da frente estava ocupada e não pudemos usá-la. O ideal era cada voluntário trabalhar num perímetro que permitisse distanciamento das demais pessoas, o que não foi possível e além disso o trajeto para cozinha, banheiro e depósito era feito por corredores apertados que nos faziam ficar mais próximos uns dos outros.  O uso das máscaras e higienização das mãos foi recomendado frequentemente e ninguém ficou sem máscaras durante o trabalho. Não tivemos lanche coletivo, somente em dois momentos as três voluntárias que ficaram em mais de um turno pararam para lanchar. Mas mesmo com todos esses cuidados sinto que ficamos expostos à contaminação do Covid19.

A alimentação do sistema de pedidos em tempo real, trabalho que assumi no mutirão em março deste ano, ficou prejudicado por não termos internet disponível no local. A alternativa de rotear o pacote de dados do telefone não funcionou com a operadora Vivo, cujo sinal era fraco e oscilante em vários pontos da casa. Essa é uma questão que peço atenção, pois quando fazemos o lançamento em tempo real usamos o sistema como ferramenta de controle para detectar possíveis erros na distribuição e esgotar as divergências. Se não conseguimos realizar essa tarefa, perdemos o sentido de ter uma pessoa específica para alimentar o sistema. Preparei com antecedência planilhas mais simplificadas para controle e registro da distribuição que se tornaram a referência para alimentação do sistema.

Outro item que sinalizo como importante na realização deste mutirão foi a comunicação pelo Whatsapp. Acredito que seja essencial definir uma pessoa para encaminhar no grupo as demandas que chegam por mensagens. É um trabalho que ocupa o tempo integral de uma pessoa pois são muitas mensagens em muitos grupos ao mesmo tempo. Precisamos pensar nisto. Talvez eu tenha errado em não assumir essa função de imediato, pois tinha impressão que deixava o trabalho pesado pros demais voluntários enquanto ficava vendo o celular. Mas considerando que terminamos bem rápido a distribuição, seria mais eficiente deixar uma pessoa exclusiva na comunicação e os demais da distribuição. Se tivesse feito isso, teríamos dado mais atenção às mensagens da equipe de Nova Iguaçu e evitaria o deslocamento da Baixada para o centro do Rio, poupando-as desta viagem.

Para o mutirão de maio precisamos costurar bem os detalhes para realizarmos de forma mais segura nossa missão de nos alimentar bem e reforçar a rede de apoio aos produtores. Acreditando que a solidariedade é a bandeira que devemos ostentar para vencer essa guerra.