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A questão das sacolas retornáveis: o reaproveitamento em questão

Em tempos de pandemia a atenção à tentativa de se reduzir os sacos plásticos se torna cada vez mais necessária, em nome da preservação e dos cuidados. É impressionante o aumento dos sacos e dos isopores! Daí ser muito importante a contribuição de Juliana Medeiros, agricultora agroecológica e perita na cozinha (Colher de Pau).

Juliana, produtora do Sítio Santa Bárbara, inovou na embalagem para envio de seus produtos.

Observem o carinho e cuidado com a sacola que ela mesma preparou. Assistam o vídeo em https://www.facebook.com/100003594608319/videos/2830357087094084/

Isto nos remete a outra providência importante, na nossa Campanha: a utilização de sacolas retornáveis. Ana Paula Rodrigues (núcleo Campo Grande e FAG) nos encaminhou um áudio a respeito, transformado em texto por Eva Ferreira (Humaitá):

“A decisão foi baseada no fato de terem havido muitas entregas anteriores.

No mutirão de ação emergencial em Guaratiba entregamos mais de 1.400 cestas. Todas chegam através da Campanha Rio Contra o Corona e, agora, do projeto da Rede Ecológica, onde compramos de outro fornecedor uma quantidade de cestas.

Todas as cestas de alimentos, kits de higiene e limpeza e tudo mais que a gente já doou, tudo isso precisa ser desinfetado um a um. Não encontramos outra alternativa. Temos um grupo pequeno, acionamos alguns voluntários, em especial jovens, reduzimos a equipe a cada mutirão, exatamente para não ficar muita gente na Fundação e também adiantamos essas desinfecções com algum grupo da equipe ou de voluntários, algum dia antes do mutirão, de forma a adiantar. Fazer tudo isso na hora, no dia do mutirão, fica muito difícil porque acaba que os agendamentos que fazemos de 30 em 30 minutos, que são 15 a 20 famílias e tem dado super certo, se for organizar tudo na hora realmente complica muito. Então, adiantamos um dia antes com uma outra equipe e com voluntários, e no dia do mutirão fazemos reposição.

Nessas reposições é feita a desinfecção também com a diluição de água sanitária, passando com o pano em cada cesta. Isso não encontramos nenhuma outra alternativa. É cansativo, ficamos descadeirados, dá dor nos quartos, mas não achamos outra alternativa.

A nossa convicção de não usar sacola plástica para os produtos das cestas agroecológicas é que algumas cestas de alimentos já veem em bolsa retornável, pois alguns fornecedores entregam assim. Sendo que são fornecedores diferentes. Mesmo essa do Rio Contra o Corona, entrega a cesta em uma bolsa retornável ou só um saco.

E, fora isso, recebemos outras doações, de várias coisas, e nós utilizamos muitos sacos, para colocar álcool em gel, máscara. Tentávamos juntar ao máximo, mas tinha coisa que não dava para juntar, então tinha que colocar separado. Estávamos ficando muito incomodados com a quantidade de sacolas.

Assim, decidimos que para as 300 famílias do projeto que teremos acompanhamento até julho, que compramos alimentos, kit de higiene e limpeza, e também dos agricultores locais os alimentos agroecológicos, essas decidimos que iríamos comprar a sacola retornável e fazer um trabalho com as famílias. O que aconteceu no primeiro dia do mutirão, na quarta.

Quem estava lá era o Paula. Eu e o Paula estamos mais à frente da ação da entrega dos alimentos agroecológicos. Na quarta, como temos uma lista de transmissão com as famílias agendadas, por essa lista também enviamos pílulas de informação. Muita gente trabalha na comunicação com eles, não só na prevenção contra o corona, mas também na prevenção da violência contra crianças, riscos do corona para as crianças e adolescentes, formas de ocupar melhor as crianças em casa para que o estresse no ambiente familiar não aumente, já que nosso trabalho é de promoção dos direitos das crianças e adolescentes. Essa é uma ação concomitante e não só de segurança alimentar, ou melhor, entendemos a segurança alimentar de forma ampla, como a busca do bem viver e que também inclui uma boa convivência familiar e comunitária. Nossa comunicação também vai nessa linha, não só em relação ao plantio, à agricultura, segurança e soberania alimentar.

E aí na quarta, como sempre pedimos que elas levem bolsas retornáveis, já desinfectadas, já orientamos em relação a isso, conseguimos arrumar nossas cestas nas bolsas retornáveis que compramos, e na hora pedíamos à família para transferir os alimentos para suas próprias bolsas. Organizamos em nosso quintal dois espaços com bancos em que a família é atendida e, se tiver que transferir para a própria bolsa, o faz. Mas a maioria tem sacolas. Nós conseguimos que 90% das famílias não levassem a bolsa retornável onde as cestas são arrumadas. Elas transferem para suas próprias bolsas. A maioria levou bolsas porque elas dividem a cesta de alimentos para não ficar muito pesado, levam carrinho de feira. Nossa orientação é nesse sentido. Após a transferência ficávamos com as bolsas para desinfecção e utilização para o próximo mês. No último mês elas levarão as bolsas para casa.”

Fica a pergunta: como ficará o reaproveitamento, dentro deste avanço da vigilância sanitária? Tudo o que é velho, usado, será visto como perigoso? Como ficará isso?