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Reunião da Comissão Gestora - Fevereiro/2021

Texto: Miriam Langenbach (Urca)

Participaram todos os núcleos, com exceção de Vargem Grande, cuja representante, Brigida Ruchleimer,  não estava se sentindo bem e não pôde estar. Presentes: Bruno Aguiar, Martina, Sandra Kokudai (Santa); Marinete Miriam e Solange(Urca);Davi (Humaitá); Leticia Ribeiro (Campo Grande); Elaine Aderne (Niterói); Katia Soares (Nova Iguaçu);  Adriana Camargo (São João); Sandra (Caxias); Beth Bessa, Jade (Grajau); Diana Rosa (Itaborai); Gustavo C. Araújo (Serra Grande); Suenya Santos (Rio das Ostras). A coordenação coube ao núcleo Urca. O próximo encontro será no dia 9 de março e será coordenador pelo núcleo Caxias.

O núcleo Humaitá está passando por um momento difícil, e combinamos de ver a proposta que foi feita, através de conversa por Whatsapp.

Na próxima vez entrará em pauta as funções dos gestores e da comissão gestora.

Foi um momento muito especial, dedicado a todos se núcleos se apresentarem, situando os pré-núcleos ou núcleos que estão surgindo. No final houve a apresentação dos novos. Está acontecendo bem no momento de completarmos 20 anos.

A Urca iniciou, Miriam falando da ligação campo cidade através de Beth Linhares – atualmente amiga da Rede, já que não mora mais no Rio – fazendo sua tese de doutorado no assentamento Santa Inacio em Trajano de Moraes, sua amizade com a assentada e produtora Sebastiana Silva, levando seus produtos para a Urca, junto com Miriam. Conseguiram sua venda junto aos  vizinhos do bairro.

À reunião posterior, a qual não veio ninguém sobreviveu-se e a Urca teve um papel pioneiro por vários anos. Mas também ficou por alguns anos numa postura já ultrapassada de pouca participação e uma visão mais de compras, sem protagonismo, o que foi rompido nos últimos anos, através de lideranças que chegaram e dinamizaram o grupo. Atualmente aprox. 25 associados bastante engajados. A pandemia teve um papel de criar mais união, o que também foi bastante destacado pelo Grajau. A escola Nau, espaço de entregas, foi um porto seguro que se manteve ao longo de todos estes 20 anos, diferente dos demais, em que a questão do espaço foi um problema – ou é um problema como é o caso do Humaitá. Para os novos, fica a ênfase para a importância de se conseguir um espaço com a construção de  uma forte aliança entre quem cede e a Rede.

Santa Teresa, trazida mais por Sandra, que estava desde o inicio surgiu em 2002, a partir de Flavia Soares, que inspirada em sua tese de mestrado sobre o assunto, se animou a criar o grupo. Atualmente está participando do núcleo Vargem Grande. No primeiro momento os produtos eram trazidos de Kombi para um ou dois pontos no bairro, já que não se tinha um espaço.

O núcleo passou por muitos espaços (colégio Monte Alegre, igreja Angelica, museu Benjamin Constant, uma ocupação), até se estabilizarem numa escola publica estadual – a Monteiro de Carvalho – com a qual não conseguiram ainda realizar projetos como gostariam. O grupo é muito amigo, e participa muito nas atividades da rede, se bem que o quesito reunião é algo que as vezes é difícil de manter. Destacou-se novamente a importância de uma reunião mensal para todos os nucleos, momento em que se aprofunda mais a relação dos cestantes entre si e ao redor da Rede.

O terceiro grupo foi a Tijuca, em 2003, a frente do qual esteve Idenir, moradora do Borel e que queria muito se alimentar saudavelmente. Iniciou na escola Oga Mitá, e fez um périplo por bairros diferentes como Vila Isabel, onde ficou no Centro de Cultura Social por alguns anos e posteriormente no Grajau, na casa  Anitcha, espaço do mutirão por vários anos e do núcleo. Beth Bessa fala do momento atual,  ainda no Grajau, onde foi encontrado recentemente um espaço.   Integrado por pessoas que vem da zona norte e oeste, é um núcleo quinzenal, que especialmente no ultimo ano, assumiu muito protagonismo na Rede e entre si, graças a atuação da lideranças.

Na sequencia foi Humaitá, que passa por este momento muito dificil, mas teve por anos em uma escola antroposófica – o jardim Michaelis –  seu porto seguro. Um aspecto importante é que o espaço seja cedido, por algumas horas, e em troca a instituição fica isenta da associação.

Davi traz sua história, em que esteve vinculado ao núcleo Vila Isabel como integrante do CCS e posteriormente migrou para Humaitá, sendo seu atual gestor.

Nos últimos anos, tinha surgido também o núcleo de botafogo, que funcionava em um hostel. ,Por problemas econômicos, se fundiu com o núcleo Humaitá. Isto acabou trazendo vários problemas por incompatibilidades entre os 2 grupos. Importante se perceber que cada núcleo é uma história, é uma dinâmica e no caso não houve afinidades nas questões práticas e de encaminhamento. Atualmente o núcleo Humaitá se mantém com aproximadamente 10 guerreiros, que apesar de não terem sede há um ano, continuam a batalhar por ela o que não é nada fácil em tempos de pandemia.

Em 2008 surgiu Niterói, descrito por Elaine, localizado no  Colégio .Estadual Aurelino Leal no Ingá. No início éramos um núcleo mensal, o grupo foi crescendo e depois se tornou quinzenal. Chegamos a ter muitos associados e, com isso, nos tornamos um núcleo semanal. Com a abertura das feiras orgânicas e o aumento de ofertas de orgânicos nos mercados, o grupo foi diminuindo e voltou a ser quinzenal. Estamos no momento com 12 associados e com a pandemia, a escola fechou e nossa associada Gabriela, gentilmente está cedendo sua casa, em Itaipu, onde estamos fazendo a entrega de secos. Thiago depois fez o mesmo, fazendo nossa entrega de frescos em sua casa também. Todos do núcleo estão bastante solidários nessa pandemia, uns ajudando e pegando as compras dos outros. Inclusive, nesse momento, as pessoas que nao estavam participando começaram a acompanhar produtores

Alguns núcleos ao longo dos anos se encerraram: Itaipu, um primeiro núcleo em Botafogo, Lapa, Recreio, Seropédica.

A seguir veio o núcleo Recreio, que acabou em função de conflitos com a coordenadora do núcleo, se desfazendo. Continuou em novo formato através da criação do núcleo de Vargem Grande, dentro do qual Campo Grande, que até então tinha sido um associação dentro do núcleo Recreio. Retomou em Vargem Grande, e pouco depois acabou se constituindo de forma autônoma. Leticia Ribeiro falou do momento atual, em que pontuou que Campo Grande tem características fortes, por estar em uma feira agroecológica, e o núcleo tem a liderança de pessoas da Rede Carioca de Agricultura Urbana, que sempre conceberam o núcleo como devendo estar muito próximo dos produtores, e levar suas questões para o publico presente na feira. Isto resultou em uma das únicas feiras em que consumidores e produtores trabalham em cogestão .  Fica como um núcleo muito organizado, desbravador, nos caminhos que a Rede vai trilhando. Importante o destaque dado ao fato de que há uma feira semanal, que fortalece muito os laços. É o que acontece com os núcleos semanais e também quinzenais da Rede, e já fica muito mais difícil nos núcleos mensais.

A seguir vem Katia falando do núcleo Nova Iguaçu que surgiu a partir de um projeto da Aspta, em que a Rede, através de oficinas de sensibilização relativas ao tema consumo, formou um grupo . O espaço onde funcionam é o Cenfor, um centro de formação da igreja católica. Em 2015 lá foi realizado por parte da Rede ecológica um curso de formação para grupos de compras coletivas.

No período da pandemia o grupo se definiu por suspender as compras  É um núcleo que tem problemas ao redor da participação já há bastante tempo.

Destacamos que nos núcleos da baixada se enfatizou a importância de que os frescos fossem comprados diretamente dos produtores locais. Nova Iguaçu levou bastante tempo para conseguir fazer isto. Atualmente não havendo os secos, compram os frescos com João Pimenta, associado do núcleo, e integrante do Serorganico.

A seguir em 2015 veio Caxias, representado por Sandra, que também passou por vários lugares. Foi um núcleo que surgiu a partir do protagonismo de 2 Marianas – a Silva e a Freire – que junto com Ana Santos do CEM, estudaram uma forma de iniciar, que conseguiu agregar várias pessoas. Compram junto a 2 produtoras, Suely e Mariana Freire.

Finalmente, São João de Meriti, através de Adriana, contou como a Rede se aproximou do CAC – Centro de Atividades Comunitárias onde acontece uma escola comunitária para   60 crianças do bairro. O CAC tem um quintal considerado uma preciosidade pelo tamanho, por não ter sido tocado e ter árvores frutíferas de vários tipos. A Rede em 2016 começou a   apoiar a sustentação do quintal, bem antes da formação do núcleo, através de Beth B. Bibi, Milca. Apoio para desenvolver ações de educação ambiental, implantando um protótipo para compostagem, fornecido e trabalhado com os alunos pelo Paulo e jovens, da FAG. Também trabalhos de sensibilização em relação a redução e eliminação de refrigerantes nas festividades, e alimentos de verdade.  É um núcleo pequeno, de várias pessoas envolvidas no movimento social mas que tem muita dificuldade na participação. Destaca-se Rafael, que tem sido a pessoa a coordenar a proposta de horta comunitária executada para 4 mulheres familiares da escola no quintal, parte da Campanha.  Fruto do oferecimento para todas as famílias de, cesta agroecológica levando a proposta da horta, mas apenas 4 se envolvem.

A seguir se iniciaram as apresentações dos novos núcleos:

Diana falou de seu processo como consumidora da Rede, se definindo por se tornar padeira, criando a Rosavelã. A Rede representou uma oportunidade de oferecer seus pães, muito acolhidos. Ao mesmo tempo por um ano tornou-se a responsável pelas entregas do núcleo Grajau, o que foi muito bom para ela neste inicio de trabalho com os pães. Saiu de Belford Roxo, voltando para Tanguá, sua terra natal. Está no sitio da família, onde fica a padaria.  E a família, especialmente as mulheres, mãe e irmã estão se agregando a seu trabalho, com o queijo e o pano de prato de retalhos.

Lá está se organizando para articular um nucleo, e já tem algumas famílias interessadas. Itaboraí está sendo pensado por ser um local bom para pessoas que moram em Cachoeiro de Macacu, que querem entrar, e é perto de Tanguá. Já está com os contatos com um espaço junto a igreja católica em Venda das Pedras. E fala de Mariana, que ajudou a criar o núcleo de Caxias, está a frente da ONG Terra Viva, com a qual Diana também está distribuindo seus alimentos, estará integrando este núcleo.

Falou das laranjas de Tanguá, que receberam uma certificação de laranja mais doce do Brasil. Ela não é agroecológica, alguns poucos cultivam, mas é complicado conseguir.

Sua atenção é em fomentar a produção local, tanto escoando para a Rede e  outros espaços, e o núcleo pode ser muito apoiador neste sentido.

Pediu um apoio para as reuniões iniciais, a Beth Bessa

Ouvir estes relatos ajuda a pensar, é importante entender a dinâmica local.

Gustavo , de Serra Grande fala do seu inicio como associado do Humaitá, e foi muito importante como referencia de sustentabilidade, organização e dedicação. Mudou para a Bahia, região de Itacaré, uma região de floresta tropical úmida, que tinha muito cacau.

Tem um sitio onde tem o cacau em regime de agroflorestal. Passaram a se independentizar de compras externas, se sustentando muito com o que o sitio oferece. Os ciclos ficaram bem marcantes.

Está em Serra Grande, uma cidade de 7000 habitantes, em realidade fora da cidade, na zona rural. Sua ideia é organizar entre os que ali moram. E que são produtores, uma proposta de trocas entre os produtos uns dos outros e de encomenda de alguns produtos que faltam.

Precisa se organizar. E ganhar clareza se se organizam pequeno com as pessoas locais, ou se entram na Rede Povos da Mata, que já é grande, de produtores certificados para a comercialização, propondo um grupo de compras coletivas. Destaca a necessidade de compras de insumos.

Ele está produzindo chocolate, que busque sustentabilidade para os agricultores da região. O cacau é uma commodity, a ideia é romper com isto, ter produtos de qualidade, inclusive para um mercado internacional.

Suenya Santos, professora da UFF de Rio das Ostras (serviço social) desde 2015 quando fez o curso de formação, tem vontade de desenvolver um grupo de consumo .Acompanha o assentamento Oswaldo de oliveira, e crê que agora há perspectivas para este tipo de encaminhamento. Pensa em organizar um curso de extensão voltado para o tema e que funcionará como forma do grupo ir pensando e aprendendo sobre o assunto, para se envolver nesta criação.