Balanço financeiro das doações e ações da Rede Ecológica em 2020

Texto: Bibi Cintrão

BALANÇO GERAL DAS AÇÕES E DOAÇÕES REALIZADAS JUNTO AOS TERRITÓRIOS

ABRIL  a DEZEMBRO DE 2020

• • De abril/2020 (início da campanha) a dezembro/2020, a Rede Ecológica mobilizou R$ 208 mil reais na Campanha, em arrecadações mobilizadas no Brasil e no Exterior, principalmente junto a associados, parceiros e amigos da Rede Ecológica, mas também através de editais. E foram gastos na campanha R$ 131 mil reais. Tem-se buscado ter em caixa recursos que permitam um planejamento das ações para os próximos 3 meses, para que não haja uma interrupção de uma hora para outra. Em dez/2020 o saldo era de R$ 77 mil, o que garantirá as ações até abril/2021.

Quadro – Arrecadações e Gastos da “Campanha Campo e Favela”, de abril a dezembro de 2020

• Seguem em 2021 os esforços para a continuidade das arrecadações e das doações.
• Os compromissos da campanha com a doação de cestas agroecológicas nos territórios, desde set/2020, são de cerca de R$ 15 mil por mês. A proposta em 2021 é dar ênfase às demais ações da campanha de modo a permitir resultados mais permanentes, através do fortalecimento da capacidade organizativa dos territórios, assim como da agricultura urbana e da educação alimentar.

Principais Ações realizadas

A principal ação da Campanha Campo e Favela de mãos dadas contra o Corona e a Fome é a Doação de Cestas Agroecológicas, compradas diretamente de agricultores agroecológicos próximos, o que vem fortalecendo os laços entre campo e favela. Entre abril e dezembro de 2020, a Campanha possibilitou a doação de 3 mil cestas agroecológicas, que beneficiaram 254 famílias (cerca de 1.370 pessoas) nos 7 territórios. A doação das cestas representou 70% dos recursos gastos.

A entrega quinzenal das cestas beneficiou cerca de 115 famílias agricultoras agroecológicas, compensando os prejuízos ocasionados pela redução dos canais de venda por conta da quarentena da COVID 19. As doações de cestas contribuíram ainda para fortalecimento de coletivos de agricultores agroecológicos nos assentamentos de Reforma Agrária, que ganharam mais visibilidade frente à sociedade, com destaque para o PDS Osvaldo de Oliveira, em Macaé, com cerca de 60 famílias ameaçadas de despejo da terra. A distribuição das cestas é complementada com trocas e orientações sobre como preparar os alimentos, reduzir os desperdícios, apresentação das PANCs e ervas medicinais. Em várias das entregas, a presença dos agricultores possibilitou trocas e conversas sobre a Reforma Agrária e sobre a relação campo-cidade, além de intercâmbios com a agricultura urbana.

A Campanha viabilizou um apoio às organizações nos territórios para o transporte de alimentos recebidos de outras fontes de doação, com destaque ao transporte das quentinhas do Rua Solidária no percurso  entre a cozinha onde os alimentos são preparados e o local de distribuição para a população em situação de rua.

Além das cestas, um conjunto de outros apoios e ações foram realizados, conforme apresentado no quadro a seguir.

QUADRO – Detalhamento dos gastos realizados com a Campanha Campo e Favela por tipo de ação, entre abril e dez/2020, no conjunto dos territórios:

• • O projeto FIOCRUZ incluiu a distribuição de materiais de higiene e máscaras, estas últimas confeccionadas por mulheres de um dos territórios, o que colaborou para a geração de renda. Houve ainda apoio à melhoria da qualidade da água, item básico da segurança alimentar, com a doação de filtros e o apoio à construção de uma  cisterna comunitária pelo CEM, que luta no território pelo acesso à água e saneamento, elementos básicos para o fortalecimento da saúde.
  • Os recursos viabilizaram ainda apoios a jovens comunicadores dos territórios, para o apoio ao registro das ações e à divulgação da campanha junto aos doadores, mas envolvendo também o trabalho voluntário de associados da Rede Ecológica.

• • A quase totalidade das ações da campanha é realizada com trabalho voluntário (de associados da Rede Ecológica e das organizações nos territórios), o que envolve desde a elaboração da campanha, sua divulgação, o planejamento das ações, o controle financeiro, o acompanhamento aos territórios.* Vale destacar que parte dos itens comprados para distribuição às famílias foram produzidos nas próprias comunidades, como as máscaras de tecido (prevenção à COVID), alguns componentes do Kit de agricultura urbana (como mudas e vasos de tecido) e o caderno ecológico de receitas (montado por mulheres de uma cooperativa de coleta de papel reaproveitado).

• • A Rede Ecológica, ainda no âmbito da campanha, organizou 3 encontros: o I Seminário de Agricultura Urbana; uma roda de conversa sobre comida de verdade e finalmente um encontro para debater os grupos de consumo (todos acessíveis no youtube da Rede Ecológica). Os três eventos têm relação direta com a ênfase que a Rede quer e continua a dar, mais ainda no ano de 2021, à importância de trazer das trocas entre os territórios no sentido de compartilharem sua experiência acumulada até para inspirar os que estão começando.

• • Ainda de destaque cabe mencionar a confecção de um caderno de receitas cuja característica vai bem além de um passo a passo sobre a preparação de pratos. Por meio dele, se transmite um pensar sobre a melhor forma de se aproveitar dos alimentos agroecológicos, o que foi percebido, pelas comunidades atendidas, como um divisor de águas. Isso porque, com este caderno de receitas, que está sendo distribuído para os diferentes territórios, abre-se a possibilidade de se gerar renda com o preparo destes alimentos, com conhecimento sobre suas características nutricionais.

• • Para este ano de 2021, a expectativa é de reduzir a distribuição de cestas e aumentar o foco na agricultura urbana, estimulando a troca de experiências entre os territórios sobre o papel da compostagem, as pancs, o plantio, a comercialização… O aspecto da geração de renda é crucial, fomentando autonomia e empoderamento e os territórios demostram um potencial riquíssimo de levar essa ação a contento.

Não se pode deixar de registrar como importante acontecimento o fato de a entrega das cestas ter sido convertida para a modalidade “feirinha”, em que as próprias pessoas selecionam os produtos preferidos nas quantidades que lhes atendem, enfatizando-se o olhar solidário. A ideia em 21 é fomentar o fortalecimento de feirinhas que extrapolem a doação, e para tal se fomentará grupos de consumo, que serão novos núcleos da Rede Ecológica.

• • Finalmente, outro acontecimento importante em 2020 foi a ação feita por jovens dos territórios que registraram com fotos e vídeos o que estava acontecendo. Esses materiais serão utilizados em um vídeo a respeito da campanha que será produzidoem 2021. Ainda como  destaque de 2020, há um vídeo introdutório a campanha  produzido pela AMAR, com a direção de Caroline Leduc (França).

Importante destacar o apoio dado pela Rede Ecológica ao assentamento Oswaldo de Oliveira, um dos territórios da campanha, no momento mais agudo da ameaça que estava sofrendo de despejo. A Rede conseguiu mobilização internacional e nacional, contribuindo para um desfecho de suspensão da ordem de despejo, ainda que a ação não esteja definitiva.

*no balanço que fizemos de 2020 estiveram envolvidos os seguintes voluntários, num total de :, aos quais gostriamos de muito agradecer. Os 37 voluntários contribuiram nas ações para e nos territórios, na arrecadação e na comunicação.

• Urca Solange Braga, Marinete Merss, Miriam Langenbach, ,Fabiana Araujo, Adelina Araujo, Miatã Guedes
• Santa Bibi Cintrão,Bruno Aguiar, MarcioRangel, Sandra Kokudai, Erica e Kako, Julia Stadler e Joao Candido
• Humaitá Sol Libman luany Marques Tania Franco davi Rodrigues, Eva Ferreira
• Grajau Beth Bessa, Flavia Salazar, Rafael Carvalho, Mayella Barros, Debora Regufe, Marcelle Felippe, Milca Colombo, Clarissa Canedo e Ana Santos
• Niterói Elaine Aderne Ligia Bensadon Rosangela Laranja
• Campo Grande  Ana Paula Rodrigues Amitta Domiciano Ariela Couto Monica Poncione
• Vargem Grande Annelise Fernandez, Claudete Oliveira, David Henderson brigida Ruchleimer
• São João de Meriti Rafael Moura  e Adriana Camargo
• posto Glória Beto Jansen, e ana Galizia