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Alimentos Saudáveis traçam linhas de futuro no Sim!

Texto: Débora Silva

Josefina Mastropaolo

Já conhecia a Débora do Sim! Eu sou do Meio (SESM) da Escola de Serviço Social da UFRJ onde ela estuda e eu trabalho. Nos reencontramos, durante a pandemia, por meios virtuais, trabalhos remotos e atividades síncronas e assíncronas, numa disciplina que estava sob minha responsabilidade, que procurava desenvolver reflexões sobre Questões de Gênero no Brasil. Na primeira aula, naquele momento inicial de todo processo pedagógico em que as e os participantes se apresentam ao coletivo, dizendo quem é, o porquê de estar ali e, fundamentalmente,  nesses tempos de pandemia, dizendo também como está passando, Débora e eu reconhecemos que ambas estávamos, desde pontas diferentes, envolvidas na Campanha Campo e Favela de Mãos Dadas contra o Corona Vírus e a Fome. A partir desse reencontro, me tornei, no marco da campanha, acompanhante do Território do SESM (Sim sou do Meio).  Ao lado do fato de que a campanha tem tido desdobramentos maravilhosos na expansão das relações entre as/os produtoras/es e os/as companheiras/os que moram nos territórios, inserimos atividades que têm a ver com um projeto de extensão universitária que podem vir a potencializar as ações da campanha, permitindo a construção de soberania alimentar em territórios urbanos na periferia da cidade.

Lembremos que há um ano o Sim! Eu Sou do Meio (SESM) vem recebendo produtos agroecológicos da Campanha, e isso tem possibilitado uma alimentação digna para as famílias que foram afetadas economicamente com os efeitos da pandemia em Belford Roxo. No total, 41 famílias voltam para suas casas quinzenalmente com suas ecobags cheias de produtos sem veneno.

No processo em que as produtoras traziam os alimentos e as famílias, no geral as mulheres, buscavam suas cestas, intercâmbios foram se produzindo, relações foram se criando, e novos projetos foram se consolidando. Hoje está em andamento um projeto de oficinas voltado a tornar produtivos os quintais das famílias e a desenvolver hortas urbanas, com objetivo de construir soberania alimentar, troca de saberes entre o campo e a cidade, bem como promover educação popular e uso de produtos com ervas na elaboração de produtos de higiene como sabonetes, hidratantes e fitoterápicos.

A primeira oficina de quintais produtivos com o Coletivo Hydras do Terra/MST Baixada aconteceu no dia 11 de março. Foi maravilhoso ver a alegria das crianças em contato com a terra e os componentes necessários para que a planta cresça saudável. O fato mais comentado e que as deixou espantadas foi o do esterco “cocô de galinha” ser misturado à terra. Nessa oficina, tivemos a participação de 5 mães e 6 crianças, e cada uma saiu com 2 plantinhas “para cuidar de forma que elas cresçam”.  Além disso, ficaram plantas no SESM para fazer o quintal da organização. Com essa finalidade, estamos em articulação com o CAC com a proposta de utilizar o espaço para que as famílias tenham contato com a terra, o que na sede do SESM não é possível. Estávamos bem animados para isso, mas com o agravamento da contaminação pelo Sars cov2 e do número de mortes causadas por esse vírus, tivemos de suspender a visita com as famílias. Aderimos ao lockdown e paralisamos as nossas atividades por 10 dias. Mas estamos com muitas expectativas para o retorno desse trabalho.
Temos uma aluna no SESM, Monique Mafra, que tem se dedicado muito à elaboração do seu quintal, do qual cuida junto com sua mãe, Mônica Mafra.  O seu quintal está lindo com as plantas que levou da oficina e as que ela já cultivava. Sempre que pode, ela nos encaminha fotos das suas plantinhas. Monique tem 8 anos e já entende a importância de cuidar da terra e do meio ambiente, utilizando material reciclável  (composto) para o cultivo.

Enfim, esta parceria, que se renova no ano de 2021, é extremamente importante para oferecer às famílias condições de uma alimentação saudável e de uma reflexão em torno da importância de se construir soberania alimentar.