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Conhecendo melhor as comunidades atendidas pela Feira Solidária de Vargem Grande

Texto de Mariana Bruce:

Hoje entrevistamos D. Odette Drummond, moradora de Santa Luzia, uma das comunidades assistidas pela ação da Teia de Solidariedade ao longo de toda essa pandemia. A participação de D. Odette na Feira Solidária se dá, em grande medida, graças a ação da nossa articuladora local Mara Bomfim que corajosamente tem atuado no front dessa pandemia, junto às famílias que sofrem de maiores necessidades, fazendo a ponte entre as campanhas  que têm distribuído alimentos secos e frescos e os lares que mais precisam.

A comunidade de Santa Luzia localiza-se em Vargem Pequena, próximo ao Centro Municipal de Saúde Cecilia Donnangelo.  Segundo o Sr Francisco José Cordeiro da Silva, em 1972 só existiam cinco casas no Lado B e no Lado A. Havia muita lama, mato (taboa) e água até o peito. O Posto de saúde existia e atendia os moradores locais. As famílias andavam com muitas dificuldades, carregando crianças nas costas e segurando nos matos para abrirem caminho e passar. Os mais idosos contam que pescavam de início. Nos anos seguintes, pessoas foram chegando e aterrando os seus terrenos e o rio. Começaram enchentes constantes, pois não há o devido saneamento básico e são jogados dejetos no rio que há por trás das casas do lado esquerdo de ambos os lados. A cada chuva forte, o volume de água na rua chega nos joelhos e o Lado A demora mais a escoar. As pessoas perdem quase tudo o que conquistaram com muito esforço. Há focos de dengue em alguns lugares e com pouca visita dos Agentes de Endemias. Nos últimos anos, os dois lados de Santa Luzia cresceram muito e alguns moradores ainda sofrem com a falta de água canalizada . A ameaça de remoção também é uma presença constante na comunidade, com os interesses da especulação imobiliária e outros batendo à porta.

  1. Odette é uma das primeiras pessoas a chegar em nossa Feira Solidária. Ela nos conta da importância da Feira Solidária em sua vida e na de sua família e, é radiante, que compartilha conosco o sentimento de estar junto nessa corrente de solidariedade e de que como é bacana estar na Feira da Roça também. Na sua casa, ela também planta. Muitos dos produtos que ela recebe da feira inclusive, ela aproveita para plantar e, assim, vai criando sua hortinha que a atende nos momentos de maior necessidade. Da feirinha de hoje ela disse que ia plantar: bertalha, alfavaca, chicória e vinagreira.

Na ação dessa semana, D. Nilinha que mora lá em cima no Quilombo Cafunda-Astrogilda e que também participa da Feira Solidária, nos trouxe cascas de jatobá para incluir na distribuição para as famílias. Muitas de nós nunca tínhamos visto e nem sabíamos do que se tratava ou como fazer. Prontamente, D. Odette compartilhou seus saberes conosco e nos deu altas dicas de como fazer o chá, explicando todos os benefícios deste alimento para a nossa saúde.

A casca de jatobá é boa para o sangue, para a glicose, para o coração, para tudo isso. É só você pode botar a água fervendo em cima, abafa até dar uma corzinha e vai tomando. É um chá. Você pode colocar no vinho também. Quem tem insônia, é ótimo tomar um pouco antes de dormir.

E é com essa partilha de saberes que encerramos nosso relato de hoje. Até a próxima!