Texto de Miriam Langenbach
Chegou a hora de compartilhar meu novo momento de vida com vocês. Imperceptivelmente, ao entrarmos nos 20 anos da Rede Ecológica, começou a acontecer dentro de mim algo novo, diferente: do velho apaixonamento. Passei a sentir um certo cansaço e mais a sensação de que um ciclo de vida se fechava. Isto não significando que eu precisasse sair ou me ausentar totalmente da Rede, mas deixar o velho papel, que me acompanhou desde o início: instigar, estimular, correr atrás.
Agora, com quase 78 anos, meu corpo, aí incluindo fortemente meu coração, me pede um descanso. Mais do que isso: mudança!
Fundar, junto com Elizabeth Linhares, e estar à frente da Rede Ecológica foi uma empreitada supergratificante em todos os sentidos. Pretendo continuar em comissões, como a comissão gestora, e também na comissão que será formada para tentarmos avançar em relação ao uso do plástico, além da carta semanal. Mas mesmo nestes espaços vai ser muito importante o protagonismo dos demais.
Mas sonhar é preciso!
O incrível que aconteceu junto a este processo – e muito rapidamente – é que me veio uma nova questão: será que este não seria o momento de me voltar para a minha casa, outra paixão da minha vida?
Me dei conta de que não conheço um apartamento no Rio de Janeiro que tenha tantas iniciativas ecológicas, como aqui. Construídas muito a partir do estímulo das vivências na Rede Ecológica. Assim, aqui acontece uma horta significativa em telhado verde, com o pressuposto da compostagem, coleta de água de chuva e banheiro seco. E ainda como carro chefe o reaproveitamento, desde os materiais utilizados na estruturação da casa, até objetos do cotidiano.
Além de tudo, este canto é muito especial em termos de beleza. Foi um privilégio possibilitado pelos meus pais, que foram decisivos na definição do meu amor pela natureza e a busca de preservá-la.
Por que não estruturar este espaço para inspirar outras pessoas, de várias gerações, a buscarem estes caminhos? Está presente um profundo compromisso com a transformação, com pensarmos um planeta mais amoroso, colaborativo e resiliente aos males que lhe temos infligido. Isto passa por um trabalho de conscientização e traz desdobramentos que poderão fazer a diferença.
Estou em processo de elaboração desta ideia e proposta, refletindo sobre o formato mais indicado. Um processo de incubação. Este novo caminho tem tudo a ver com a Rede Ecológica e vocês.
Finalizo agradecendo o carinho, a compreensão e o engajamento presentes por tant@s, ao longo destes 20 anos, que fizeram com que a Rede se tornasse o que é.